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SÃO PAULO
Microempresário grava conversa em que Havanir Nimtz pede R$ 5.000
Prona cobrou por vaga, diz candidato
DA REDAÇÃO
A vereadora Havanir Nimtz
(Prona) é suspeita de ter cobrado
R$ 5.000 em troca de uma vaga de
candidato a deputado estadual
pelo partido na última eleição. A
cobrança teria sido feita ao microempresário de Santos (SP) Jorge Roberto Leite, de acordo com
reportagem exibida ontem no telejornal "SPTV", da Rede Globo.
O "SPTV" mostrou o conteúdo
de uma fita de áudio de uma conversa entre Leite e Havanir na
qual Havanir faz a cobrança. A vereadora é presidente do Prona em
São Paulo e foi a deputada estadual mais votada neste ano.
Leite diz ter feito a gravação
com um gravador escondido, numa reunião na sede estadual do
Prona, na capital paulista.
Na conversa, Leite tenta negociar um valor, e Havanir diz: "Se
for para parcelar, é 5.000". Em outro trecho da gravação, a vereadora diz: "Até para concorrer na loteria precisa comprar o bilhete".
Mais adiante, ela narra um acordo
que teria fechado por R$ 3.000 em
notas de R$ 10 com um vendedor
ambulante de salgadinhos que
queria sair candidato pelo Prona.
Segundo o perito Ricardo Molina, da Unicamp, não há montagem na fita e a voz é de Havanir.
Leite disse ao "SPTV" que não
aceitou o acordo, mas avisou o
Prona que havia feito a gravação.
Por isso seu nome teria sido incluído entre os candidatos. Com
391 votos, o microempresário ficou em 55º, entre os 63 candidatos a deputado estadual pelo Prona. Dos 63, os 4 primeiros foram
eleitos, beneficiados pelos 682.219
votos obtidos por Havanir.
O mestre-de-obras Agenor Pinto Araújo, que ficou em 21º entre
os candidatos do Prona com 2.105
votos, disse à Globo que pagou R$
5.000 por 500 cartilhas escritas
por Enéas Carneiro, presidente
nacional do Prona e deputado federal eleito por São Paulo.
Em 1997, a Folha revelou que o
partido cobrava na época R$
7.000 por 700 cartilhas como condição para aceitar uma candidatura. Enéas negou que o candidato fosse obrigado a pagar, mas defendeu as colaborações para ajudar o partido.
As fitas gravadas por Leite foram encaminhadas ao Ministério
Público, que investiga o caso. Fátima Aparecida de Souza Borghi,
procuradora regional eleitoral,
não quis dar declarações ontem.
A Folha tentou falar ontem com
Havanir em seu gabinete, na Câmara Municipal. Sua filha, Maísa,
que é chefe do gabinete, disse que
ela só falaria sobre o caso hoje.
(RENATO FRANZINI)
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