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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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MINISTÉRIO

Dirceu muda a pasta sem perder poder

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Casa Civil, José Dirceu, tomou a iniciativa de tentar resolver um problema que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros já constataram: ele acumulou tantas tarefas que não consegue tocar a contento algumas delas.
O próprio Dirceu propôs em reunião da cúpula do governo na segunda-feira uma reformulação da Casa Civil. Sem perder poder, sua idéia é ter mais tempo para a coordenação de governo, que demanda reuniões com ministros e acompanhamento de assuntos de todas as áreas.
Foi decidido que haverá mudança administrativa. Dirceu pode ainda trocar alguns auxiliares, como o secretário-executivo, Swendenberger Barbosa, e o subchefe de Coordenação da Ação Governamental da Casa Civil, Luiz Alberto dos Santos.
Já a divisão de atribuições políticas, com a nomeação de um deputado federal para ministro extraordinário da área congressual, está sob exame. O mais cotado hoje, se vingar a idéia, é o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA). Na prática, seria um ministro sob comando de Dirceu. Lula e membros do "núcleo duro", o grupo que decide com ele as diretrizes de governo, não foram simpáticos à idéia. Segundo um auxiliar de Lula, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) se manifestou contra a divisão da Casa Civil.
Lula acha que Dirceu assumiu tamanha importância na articulação política que, ainda que escolha Rocha para auxiliá-lo, as questões fundamentais continuarão passando por ele. O presidente crê que um ministro sob as asas de Dirceu correria o risco de não ter poder. Ele prefere a reformulação administrativa para dar mais condições a Dirceu de tocar a coordenação de governo.
Para Lula, haveria risco de acontecer algo similar ao que ocorreu no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso com o Ministério Extraordinário da Reforma Institucional, apelidado pejorativamente de "Mirin", numa alusão ao adjetivo mirim (pequeno). A pasta, criada em abril de 1998 para o então senador Freitas Neto (PI), durou poucos meses e não teve poder de fato.
Um auxiliar de Lula avalia que, se for o caso, o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, que perdeu poder para Dirceu, poderia tentar desafogar o ministro da Casa Civil na área política. Dulci já foi deputado e é conciliador.
No governo, há a leitura de que o gesto de Dirceu serve de exemplo. Se até ele, um ministro poderoso, pensa em dividir a pasta e reformulá-la, por que outros colegas iriam se opor à intenção do Planalto de alterar suas equipes?

Amaral na lista
Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) entrou na lista elaborada pelo "núcleo duro" de ministros que deixarão o governo na reforma ministerial. Além de Amaral, Benedita da Silva (Assistência Social) e Anderson Adauto (Transportes) integram esse grupo.
Amaral tenta se segurar. Ele argumenta no seu partido (PSB) que sua saída conflagraria a sigla.


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