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MINISTÉRIO
Dirceu muda a pasta sem perder poder
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Casa Civil, José
Dirceu, tomou a iniciativa de tentar resolver um problema que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros já constataram: ele acumulou tantas tarefas
que não consegue tocar a contento algumas delas.
O próprio Dirceu propôs em
reunião da cúpula do governo na
segunda-feira uma reformulação
da Casa Civil. Sem perder poder,
sua idéia é ter mais tempo para a
coordenação de governo, que demanda reuniões com ministros e
acompanhamento de assuntos de
todas as áreas.
Foi decidido que haverá mudança administrativa. Dirceu pode ainda trocar alguns auxiliares,
como o secretário-executivo,
Swendenberger Barbosa, e o subchefe de Coordenação da Ação
Governamental da Casa Civil,
Luiz Alberto dos Santos.
Já a divisão de atribuições políticas, com a nomeação de um deputado federal para ministro extraordinário da área congressual,
está sob exame. O mais cotado
hoje, se vingar a idéia, é o deputado federal Paulo Rocha (PT-PA).
Na prática, seria um ministro sob
comando de Dirceu. Lula e membros do "núcleo duro", o grupo
que decide com ele as diretrizes
de governo, não foram simpáticos
à idéia. Segundo um auxiliar de
Lula, o ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) se manifestou
contra a divisão da Casa Civil.
Lula acha que Dirceu assumiu
tamanha importância na articulação política que, ainda que escolha Rocha para auxiliá-lo, as questões fundamentais continuarão
passando por ele. O presidente
crê que um ministro sob as asas
de Dirceu correria o risco de não
ter poder. Ele prefere a reformulação administrativa para dar mais
condições a Dirceu de tocar a
coordenação de governo.
Para Lula, haveria risco de
acontecer algo similar ao que
ocorreu no primeiro mandato de
Fernando Henrique Cardoso com
o Ministério Extraordinário da
Reforma Institucional, apelidado
pejorativamente de "Mirin", numa alusão ao adjetivo mirim (pequeno). A pasta, criada em abril
de 1998 para o então senador Freitas Neto (PI), durou poucos meses e não teve poder de fato.
Um auxiliar de Lula avalia que,
se for o caso, o secretário-geral da
Presidência, Luiz Dulci, que perdeu poder para Dirceu, poderia
tentar desafogar o ministro da
Casa Civil na área política. Dulci
já foi deputado e é conciliador.
No governo, há a leitura de que
o gesto de Dirceu serve de exemplo. Se até ele, um ministro poderoso, pensa em dividir a pasta e
reformulá-la, por que outros colegas iriam se opor à intenção do
Planalto de alterar suas equipes?
Amaral na lista
Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) entrou na lista elaborada
pelo "núcleo duro" de ministros
que deixarão o governo na reforma ministerial. Além de Amaral,
Benedita da Silva (Assistência Social) e Anderson Adauto (Transportes) integram esse grupo.
Amaral tenta se segurar. Ele argumenta no seu partido (PSB)
que sua saída conflagraria a sigla.
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