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Crise na polícia não foi debelada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O trabalho destinado a atenuar
os desgastes causados pela Operação Anaconda dentro da Polícia
Federal ainda não foi suficiente.
Seguem delicadas as relações entre o diretor-geral da PF, Paulo
Lacerda, e o superintendente em
São Paulo, Francisco Baltazar.
Termina hoje o "prazo" que
Baltazar deu a si mesmo para
"derrubar" Lacerda, conforme
declarou a colegas da PF em reunião reservada em São Paulo, na
segunda-feira passada, logo depois de almoçar com o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o bombeiro oficial da crise.
O superintendente queria, ao
menos, ter participado da execução da operação. Da Direção Geral da PF, ouviu como justificativa
a falta de pessoal em SP.
"O relacionamento institucional ficou abalado. Mas o pessoal,
não", disse Lacerda ontem, após a
posse do novo secretário nacional
de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa. Presente ao evento, Baltazar manteve as queixas,
mas disse: "Isso já foi superado".
Relatório da PF obtido pela Folha revela alguns indicativos que
poderiam justificar a exclusão de
Baltazar da Operação Anaconda.
Em diálogo gravado em maio de
2003, o agente César Herman Rodriguez, hoje preso acusado de
participar da suposta quadrilha,
afirmava que, com Baltazar, iria
conversar com o juiz Casem Mazloum -também denunciado
pelo MPF- para "oficializar" a
ida do agente para a Justiça Federal, onde já estava trabalhando.
Em outro diálogo, de 19 de março de 2003, o delegado aposentado Jorge Luiz Bezerra da Silva pedia a um interlocutor o telefone
de Baltazar, com quem precisaria
falar sobre um caso judicial. Baltazar disse que recebeu o delegado após sua posse, em fevereiro,
que lhe teria desejado "boa sorte".
Quanto a Rodriguez, Baltazar
confirmou que, ao levantar o quadro de pessoal da PF, identificou
que o agente estava na Justiça. No
entanto, o procedimento usado
estaria fora das normas. Diante da
situação, Baltazar cobrou a regularização. "Estou tranquilo", concluiu ele.
(AM e ID)
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