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CASO LOTERJ
Dois homens deverão prestar depoimento em Goiás sobre suposto envolvimento de André Luiz em assassinatos
Justiça apura se deputado agiu em homicídio
LIGIA DINIZ
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público do Estado
do Rio informou ontem que a Justiça de Goiás deverá ouvir, na semana que vem, os interlocutores
do deputado federal André Luiz
(PMDB) e do presidente da CPI
da Loterj (Loteria do Estado do
Rio), deputado estadual Alessandro Calazans (PV), nas gravações
sobre o caso de corrupção envolvendo o empresário do ramo de
jogos Carlos Augusto Ramos.
Os diálogos entre os deputados
e dois emissários do empresário
estão gravados em fitas e contêm
informações sobre corrupção e
suposto envolvimento de André
Luiz em homicídios no Rio.
Os depoimentos dos dois interlocutores, identificados como
Alexandre Chaves e Jairo, deverão
ser colhidos por um promotor em
Goiânia e encaminhados para o
Ministério Público do Rio.
Assassinatos
A revista "Veja", que teve acesso
à fita com a conversa sobre os supostos homicídios, traz nesta semana trechos em que o deputado
federal se gabaria dos homicídios
e tiroteios de que teria participado. Segundo a reportagem, André
Luiz diz que ele e seus seguranças
mataram oito pessoas.
"Tive que dar um monte de tiro
naquela p.! Botei minha segurança toda na rua. Prendemos os dois
caras que mataram meu segurança e matamos os outros dois", disse, de acordo com "Veja", em referência à vingança contra os assassinos de um de seus seguranças, da PM, encontrado morto no
Rio no dia 19 de setembro.
Segundo a promotora Dora
Beatriz da Costa, que também teve acesso à fita, o deputado usa na
conversa "linguajar de bandido".
Defesa
O advogado de André Luiz, Michel Saliba, afirmou ontem que o
deputado está em Brasília, recuperando-se do acidente de carro
que sofreu no dia 26.
Saliba disse que entrou anteontem com um pedido de prorrogação do prazo para a manifestação
do deputado, sob a alegação de
que as condições mentais de André Luiz "não estão em sua plenitude", em decorrência dos medicamentos que estaria tomando.
Afirmou também que o deputado ainda não recebeu a transcrição das fitas que o incriminariam,
apenas cópias em CD.
O pedido foi rejeitado no fim da
tarde de anteontem pela comissão
de sindicância da Câmara dos Deputados. O corregedor alegou que
André Luiz não foi notificado para apresentar defesa, e sim para se
manifestar.
Na tarde de ontem, André Luiz
encaminhou então, segundo Saliba, uma manifestação à comissão
em que nega todo o conteúdo da
reportagem de "Veja" do dia 27
de outubro, que traz trechos de
gravação em que o deputado pediria R$ 4 milhões aos emissários
de Carlinhos Cachoeira para interferir da CPI da Loterj.
Em relação aos novos trechos
da conversa, que suscitam a suspeita da participação de André
Luiz em homicídios, o advogado
afirma que não tem conhecimento sobre o caso.
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