São Paulo, sábado, 13 de novembro de 2004

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CASO LOTERJ

Dois homens deverão prestar depoimento em Goiás sobre suposto envolvimento de André Luiz em assassinatos

Justiça apura se deputado agiu em homicídio

LIGIA DINIZ
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério Público do Estado do Rio informou ontem que a Justiça de Goiás deverá ouvir, na semana que vem, os interlocutores do deputado federal André Luiz (PMDB) e do presidente da CPI da Loterj (Loteria do Estado do Rio), deputado estadual Alessandro Calazans (PV), nas gravações sobre o caso de corrupção envolvendo o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos.
Os diálogos entre os deputados e dois emissários do empresário estão gravados em fitas e contêm informações sobre corrupção e suposto envolvimento de André Luiz em homicídios no Rio.
Os depoimentos dos dois interlocutores, identificados como Alexandre Chaves e Jairo, deverão ser colhidos por um promotor em Goiânia e encaminhados para o Ministério Público do Rio.

Assassinatos
A revista "Veja", que teve acesso à fita com a conversa sobre os supostos homicídios, traz nesta semana trechos em que o deputado federal se gabaria dos homicídios e tiroteios de que teria participado. Segundo a reportagem, André Luiz diz que ele e seus seguranças mataram oito pessoas.
"Tive que dar um monte de tiro naquela p.! Botei minha segurança toda na rua. Prendemos os dois caras que mataram meu segurança e matamos os outros dois", disse, de acordo com "Veja", em referência à vingança contra os assassinos de um de seus seguranças, da PM, encontrado morto no Rio no dia 19 de setembro.
Segundo a promotora Dora Beatriz da Costa, que também teve acesso à fita, o deputado usa na conversa "linguajar de bandido".

Defesa
O advogado de André Luiz, Michel Saliba, afirmou ontem que o deputado está em Brasília, recuperando-se do acidente de carro que sofreu no dia 26.
Saliba disse que entrou anteontem com um pedido de prorrogação do prazo para a manifestação do deputado, sob a alegação de que as condições mentais de André Luiz "não estão em sua plenitude", em decorrência dos medicamentos que estaria tomando.
Afirmou também que o deputado ainda não recebeu a transcrição das fitas que o incriminariam, apenas cópias em CD.
O pedido foi rejeitado no fim da tarde de anteontem pela comissão de sindicância da Câmara dos Deputados. O corregedor alegou que André Luiz não foi notificado para apresentar defesa, e sim para se manifestar.
Na tarde de ontem, André Luiz encaminhou então, segundo Saliba, uma manifestação à comissão em que nega todo o conteúdo da reportagem de "Veja" do dia 27 de outubro, que traz trechos de gravação em que o deputado pediria R$ 4 milhões aos emissários de Carlinhos Cachoeira para interferir da CPI da Loterj.
Em relação aos novos trechos da conversa, que suscitam a suspeita da participação de André Luiz em homicídios, o advogado afirma que não tem conhecimento sobre o caso.


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