São Paulo, sábado, 13 de novembro de 2004

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Investigadas são exoneradas de fundação do Rio

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Investigadas em dois inquéritos do Ministério Público Estadual, que apuram a existência de rede de vendas de licenças ambientais, a vice-presidente da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), Tania Maria Parucker, e a coordenadora das Agências Regionais da Diretoria de Controle Ambiental, Glória Maria Alvares Nery, foram exoneradas ontem pela governadora Rosinha Matheus (PMDB). Relacionada no mesmo caso, a presidente do órgão, Elizabeth Lima, fica no cargo.
As três são citadas em conversas gravadas com autorização judicial pela Polícia Federal. Numa delas, Tania conversa sobre um "perfume" com Sandro Almeida Domingues, preso pela PF, suspeito de adulterar combustíveis.
Nas gravações, Domingues se apresenta como funcionário da Feema para negociar licenças ambientais irregulares com empresas. Chega a falar com a presidente da fundação, segundo transcrição da PF, identificando-se como funcionário que estaria resolvendo "um problema" para postos na Baixada Fluminense.
A Feema divulgou nota negando que Sandro tenha envolvimento com o órgão e dizendo que afastou os dois funcionários de carreira envolvidos no caso. O governo do Estado não esclareceu, porém, por que a presidente foi mantida.
Embora a PF realizasse escutas desde outubro de 2003, a cúpula da Feema passou a ser citada só a partir de junho deste ano -mês em que Elizabeth Lima assumiu sua presidência.
Nas gravações, pessoas que se identificam como funcionários do órgão tentam extorquir dinheiro de empresas em troca das licenças. A tabela ia de R$ 2.000 a R$ 40 mil, caso o "negócio" fosse fechado com a presidência da fundação, segundo os supostos funcionários.
Com base nas gravações, a PF prendeu 45 suspeitos de adulterar combustíveis -além de Domingues, dois funcionários da Feema, Thelio Costa Lima e Joseléa Borges, e Renan de Macedo Leite, assessor do deputado estadual Domingos Brazão (PMDB).
A prisão de funcionários da fundação chamou a atenção do Ministério Público Estadual, que investiga a existência de outro esquema, para liberação de licenças ambientais.
A presença de um assessor parlamentar entre os presos levou a deputada estadual Cidinha Campos a montar um relatório com denúncias contra Domingos Brazão, que, após contratar Renan, em julho, comprou três postos de gasolina em dois meses.
"É muita coincidência", diz a deputada, que recolhe outras denúncias de supostas irregularidades do colega e espera concluir relatório até quarta. O documento será enviado à Corregedoria da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro para abertura de um processo que poderá resultar até na cassação de Brazão. Antes ele deve passar pela Mesa diretora da Casa.
Brazão não foi localizado pela Folha ontem para responder à acusação. (JOÃO PEQUENO)


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