São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005
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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA Superintendente da Susep confirma que primeiras denúncias ocorreram em 2003 e que, depois disso, governo pagou R$ 1,1 mi à empresa Governo contratou seguradora sob suspeita
DA REPORTAGEM LOCAL O superintendente da Susep (Superintendência de Seguro Privado), Renê Garcia, admitiu à Folha que as primeiras "denúncias de graves irregularidades" contra a seguradora Interbrazil aconteceram em 2003, dois anos antes da liquidação da empresa (em 18 de agosto). De lá para cá, a própria administração federal contratou os serviços da Interbrazil, pagando R$ 1,1 milhão à seguradora. Segundo levantamento feito pelo PFL a pedido da Folha, os contratos incluem desde o seguro das aeronaves da Polícia Federal às urnas eletrônicas do Acre, passando por obras de Cândido Portinari. Ainda neste ano e mesmo depois de o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) enviar correspondência alertando para o risco de emissão de apólices falsas, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal destinou R$ 188 mil à seguradora. O pagamento foi feito pelo Ministério da Fazenda, que administra o fundo do DF. Mas Garcia afirma que o rito para liquidação de uma seguradora consome realmente até um ano e meio, num processo semelhante ao judicial. Ele diz preferir "ser lento a uma excessiva contestação judicial". "Quanto mais contestado for um órgão regulador na Justiça, mais fraco ele é", alega. Para Garcia, "sempre há o dilema entre aquilo que é o desejo de alguns por sangue e a capacidade operativa do Estado". O superintendente da Susep alega ainda que, "não fosse a conotação política, de um eventual benefício político A, B ou C, [o assunto] não teria relevância". "Quebrar seguradora faz parte da regra do jogo. Os EUA quebraram 8.000 bancos e 1.500 seguradoras. Nem por isso o regulador foi chamado no Congresso para depor", reclamou. Para ele, "esse é um fato isolado, de uma empresa que tem uma conotação política". "Tem que colocar de forma precisa o que é e o que não é, as acusações, e deixar as pessoas julgarem. Participo de qualquer debate. Mas quero que as pessoas tenham possibilidade de julgar e saber se é A, B, ou C". Ele repetiu que a "opção preferencial do regulador é proteger o pequeno consumidor". "As grandes companhias têm possibilidade de contratar auditores externos e avaliadores para identificar situações de risco. Não existe possibilidade de proteção de Estado para grande players", diz. Segundo ele, já em 2002, houve reclamações contra a Interbrazil pelo não pagamento de apólices. Mas, nesse caso, a Susep não pode exigir que sejam honradas. Apenas aplicar multas. Hoje, são 60 as multas contra a Interbrazil. Em 2003, apareceram as denúncias de contratação de seguro de garantia sem cobertura de resseguro (quando uma empresa assume um risco maior que sua capacidade, "vende" o excedente). Em julho de 2004, o IRB enviou à concessionária Triângulo do Sol uma correspondência advertindo para o risco de a Interbrazil não ter buscado cobertura para apólice -no total de R$ 211 milhões- no exterior. A Triângulo protocolou uma representação na Susep para a abertura de um processo contra a seguradora que ela mesma contratara. (CATIA SEABRA) Texto Anterior: Outro lado: Adhemar assumiu depois de contratos, afirma Eletronorte Próximo Texto: Frases Índice |
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