São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS

Ex-ministro diz que comissão não tem amparo legal para o pedido e que ela ignora a lei e se baseia em mentira de Pizzolato

CPI analisa o indiciamento de Gushiken

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que está "bem próximo" de pedir o indiciamento do ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), atual chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos) do governo.
O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato afirmou, em entrevista à revista "IstoÉ Dinheiro", que pagamentos do banco à DNA, agência de Marcos Valério, foram autorizados por ele por ordem de Gushiken, que supervisionava os contratos de publicidade das estatais.
Segundo a CPI, o BB pagou R$ 73,8 milhões à DNA antecipadamente, por serviços da conta de publicidade da Visanet, entre 2003 e 2004. Desse dinheiro, R$ 10 milhões teriam sido repassados por Valério ao caixa dois do PT.
"É bem provável que seja pedido o indiciamento de Gushiken, estamos bem próximos disso. Além das declarações de Pizzolato há o episódio dos Correios, onde a Secom tinha maioria na comissão de licitação", afirmou Serraglio. Valério também possuía a conta dos Correios, em que há suspeitas de irregularidades.
Para Gushiken, a CPI não tem amparo legal para pedir o seu indiciamento. "O Osmar Serraglio ignora a lei e o que eu falei na CPI. Ele está se baseando em uma mentira deslavada do Pizzolato. Tem que ler a a legislação para fazer essas coisas, não pode ser assim tão destemperado", disse.
Segundo Gushiken, a Secom não tem a atribuição de supervisionar contratos que não são de estatais, como a da Visanet. "As campanhas de publicidade da Visanet nunca passaram pela Secom", disse Gushiken.
O relator da CPI, no entanto, contesta essa afirmação. "A Visanet não é estatal, mas um terço de seu patrimônio é do Banco do Brasil. Para efeito jurídico, esses recursos são da estatal [BB]."
À CPI Gushiken afirmou que a secretaria inspecionava apenas as campanhas publicitárias e as licitações, não participando da fixação de valores de contratos nem do gerenciamento dos recursos.
Serraglio também afirmou ontem que a CPI dos Correios vai ouvir novamente Pizzolato. Ele recebeu R$ 326 mil sacados das contas de Valério. Quando compareceu a comissão, o ex-diretor de Marketing do BB disse que não sabia que os pacotes que mandou buscar no Banco Rural para o PT continham dinheiro.


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