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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS
Ex-ministro diz que comissão não tem amparo legal para o pedido e que ela ignora a lei e se baseia em mentira de Pizzolato
CPI analisa o indiciamento de Gushiken
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da CPI dos Correios,
deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), disse que está "bem
próximo" de pedir o indiciamento do ex-ministro Luiz Gushiken
(Comunicação de Governo), atual
chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos) do governo.
O ex-diretor de Marketing do
Banco do Brasil Henrique Pizzolato afirmou, em entrevista à revista "IstoÉ Dinheiro", que pagamentos do banco à DNA, agência
de Marcos Valério, foram autorizados por ele por ordem de Gushiken, que supervisionava os contratos de publicidade das estatais.
Segundo a CPI, o BB pagou
R$ 73,8 milhões à DNA antecipadamente, por serviços da conta de
publicidade da Visanet, entre
2003 e 2004. Desse dinheiro, R$ 10
milhões teriam sido repassados
por Valério ao caixa dois do PT.
"É bem provável que seja pedido o indiciamento de Gushiken,
estamos bem próximos disso.
Além das declarações de Pizzolato
há o episódio dos Correios, onde a
Secom tinha maioria na comissão
de licitação", afirmou Serraglio.
Valério também possuía a conta
dos Correios, em que há suspeitas
de irregularidades.
Para Gushiken, a CPI não tem
amparo legal para pedir o seu indiciamento. "O Osmar Serraglio
ignora a lei e o que eu falei na CPI.
Ele está se baseando em uma
mentira deslavada do Pizzolato.
Tem que ler a a legislação para fazer essas coisas, não pode ser assim tão destemperado", disse.
Segundo Gushiken, a Secom
não tem a atribuição de supervisionar contratos que não são de
estatais, como a da Visanet. "As
campanhas de publicidade da Visanet nunca passaram pela Secom", disse Gushiken.
O relator da CPI, no entanto,
contesta essa afirmação. "A Visanet não é estatal, mas um terço de
seu patrimônio é do Banco do
Brasil. Para efeito jurídico, esses
recursos são da estatal [BB]."
À CPI Gushiken afirmou que a
secretaria inspecionava apenas as
campanhas publicitárias e as licitações, não participando da fixação de valores de contratos nem
do gerenciamento dos recursos.
Serraglio também afirmou ontem que a CPI dos Correios vai
ouvir novamente Pizzolato. Ele
recebeu R$ 326 mil sacados das
contas de Valério. Quando compareceu a comissão, o ex-diretor
de Marketing do BB disse que não
sabia que os pacotes que mandou
buscar no Banco Rural para o PT
continham dinheiro.
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