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RUMO A 2006
Caso partido não lance nome, ex-governador poderá defender PRB
Garotinho diz apoiar Alencar se PMDB não tiver candidato
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-governador do Rio Anthony Garotinho estruturou um
plano B caso fracasse sua tentativa
de ser o indicado pelo PMDB à
eleição presidencial de 2006: concorreria à Câmara dos Deputados
pelo partido, mas colocaria à disposição do vice-presidente José
Alencar, como eventual candidato do PRB, os votos evangélicos
que acredita controlar.
Assim, Alencar teria, na prática,
a união dos evangélicos do país
em torno de sua candidatura. O
PRB (Partido Republicano do
Brasil) foi criado em agosto, com
base em assinaturas de fiéis da
Igreja Universal.
Esse panorama é tido pela equipe de Garotinho como muito provável no caso de o PMDB decidir
não lançar um candidato próprio.
A convenção do PMDB já decidiu em dezembro pela candidatura própria, mas existe no partido
uma corrente importante que defende, até agora reservadamente,
a formação de uma aliança com o
PT. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva concorreria à reeleição e o
vice seria um peemedebista.
Na semana passada, Garotinho
foi inocentado pelo TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio)
da acusação de compra de votos
na eleição de 2004. Mas o Ministério Público Eleitoral e a coligação
Força do Coração (de oposição a
ele) recorrerão da sentença.
Na previsão mais otimista, os
ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) começarão a estudar o processo em março. Para
Garotinho, o ideal é que haja o
máximo de demora. Isso porque,
presume ele, o tribunal não teria
respaldo político e da sociedade
para cassar um candidato à Presidência de um partido importante
como o PMDB ou, se a ação demorar, um presidente eleito.
Caso perca no tapetão, como
costuma dizer, da Justiça Eleitoral
ou do PMDB, Garotinho diz a auxiliares que se recusará a apoiar a
chapa PT-PMDB. Também afirma que não aceitará uma coligação com o PSDB. Daí a decisão de
aderir à provável candidatura de
Alencar. Nos últimos dias, Garotinho cunhou até a expressão "petecano", uma mistura de características de petistas e tucanos.
Candidato próprio
Já se o PMDB mantiver a decisão de ter candidato próprio, Garotinho, em caso de derrota na
prévia, afirma que fará campanha
pelo vencedor.
"Se eu perder, no minuto seguinte o vencedor terá o meu
apoio para vencer os nossos adversários. Sou um homem de partido, embora muitos digam que
não. Fiquei 18 anos no PDT."
As arestas entre Garotinho e a
Igreja Universal já começaram a
ser aparadas. Dirigida pelo bispo
Edir Macedo, a Universal sempre
teve postura crítica em relação ao
candidato do PSB na última eleição presidencial -Garotinho ficou em terceiro lugar, com cerca
de 15 milhões de votos.
Essa situação já está mudando.
Antes da filiação de Alencar ao
PRB, Garotinho e sua mulher, a
governadora Rosinha Matheus,
conversaram com o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho
do bispo Macedo e um dos organizadores do novo partido.
À Folha, Crivella disse que, se
Alencar não concorrer à Presidência, o PRB poderá apoiar as
pretensões de Garotinho.
Na entrevista, Crivella foi extremamente elogioso a Garotinho e
ao projeto de programa de governo do PMDB.
Garotinho tem percorrido o
país para participar de shows gospel, cultos e reuniões com lideranças evangélicas.
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