São Paulo, segunda-feira, 13 de novembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Águas revoltas

Diferentemente do que aconteceu na primeira eleição, o voto dos movimentos sociais em apoio ao segundo mandato de Lula foi negociado item por item, em pautas específicas, e o não-cumprimento deverá aumentar a pressão desses grupos. O cientista político Rudá Ricci, ligado às pastorais sociais da Igreja Católica, cita como exemplo o acordo para a não-transposição do rio São Francisco negociado com a Associação do Semi-Árido. Recentemente, o governo cancelou uma licitação aberta em 2005. A retomada do projeto com outra concepção também enfrentará uma nova configuração política regional, pois o PT ganhou o governo nos dois Estados nordestinos mais resistentes à transposição: Sergipe e Bahia.

Ordem unida. Se depender da articulação dos militares, Waldir Pires não emplaca um novo mandato à frente do Ministério da Defesa.

Prata da casa. PMDB e PSB têm um pleito em comum na reforma ministerial: colocar alguém no Palácio do Planalto, considerado um feudo dos interesses do PT.

Sem eco. Ricardo Berzoini destacou o deputado estadual eleito Cido Sério para sondar os petistas da Assembléia paulista sobre sua volta à presidência do PT. As respostas não foram animadoras, segundo um dirigente da sigla.

Vespeiro. Um petista graduado, contudo, aposta na acomodação de Berzoini no PT. Também acha que a tal análise pós-eleitoral da situação dos mensaleiros ficará para as calendas: "Se mexerem com esse pessoal eles podem começar a falar o que sabem."

Pela ordem. Com a possível disputa acirrada pelo comando das duas Casas do Congresso, uma raposa prevê que o projeto do fim do voto secreto, votado em primeiro turno na Câmara com estrépito, dormitará na gaveta até depois das eleições das Mesas.

Em teste. O senador Valdir Raupp (RO) está em estágio probatório para assumir a liderança do governo no Congresso e comandar a votação do Orçamento. Fernando Bezerra (PTB-RN) tem dito que se sente "desmotivado" depois da derrota nas urnas.

Versões. A efetivação de Romero Jucá (PMDB-RR) na liderança do governo no Senado foi lida de maneiras diferentes. O PMDB diz que é definitiva e já faz parte da negociação com o partido para o novo mandato. O PT diz que ela termina em dezembro.

Contramão. O senador eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB) diz que reúne um grupo de cinco senadores, todos na oposição. Ele retornou da Europa repetindo que está disposto a acabar com a adesão geral do partido a Lula.

No palco. O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique, agendou o teatro de sua adesão a Lula. Será o anfitrião, dia 17, na reunião de governadores do partido. "O encontro é para ele se inserir na foto", diz um cacique peemedebista.

Reforço. O PP, que busca dar musculatura a um novo comando encabeçado por Francisco Dornelles, tenta filiar mais dois senadores: Marconi Perillo (GO), por intermédio do governador Alcides Rodrigues, e Osmar Dias (PR), via Ricardo Barros.

Arranjo. Embora trabalhe para afastar de vez Pedro Corrêa (PE), a ala oposicionista do PP tenta compor com o presidente em exercício, Nélio Dias. A idéia é que ele seja mantido no cargo de vice.

Na biografia. Amigos de Antonio Imbassahy aconselham o ex-prefeito de Salvador a não aceitar ser secretário de Jaques Wagner, o que seria um recuo político. Ele tenta emplacar nomes no secretariado. Jutahy Júnior já avisou que caberá ao PSDB escolher o titular, caso o ex-carlista não aceite a missão.

Tiroteio

É preciso verificar se os governos estaduais e municipais também usam esses "biombos" para repassar dinheiro de campanha.


Do professor da UnB e membro do Conselho Diretor da Transparência Brasil DAVID FLEISCHER sobre auditoria do TCU revelando que ONGs "ineptas" recebem 54% dos repasses das verbas federais.

Contraponto

Voz da experiência

Na semana passada, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) aparteou Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), para ironizar o governo Lula.
-Meu medo é que este mandato seja uma espécie de "Vale a Pena Ver de Novo"- disse Fortes.
-Quem será o novo Waldomiro?- prosseguiu.
Ao encerrar, dirigiu-se ao ex-ministro Cristovam Buarque (PDT-DF), que estava no plenário:
-Cristovam, quem será o ministro demitido por telefone?- brincou, numa referência à demissão do pedetista.
-Eu é que não seria, porque essa eu aprendi. Eu faria como todo mundo no PT: não atenderia mais o celular.


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