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Relatora pede fim da CPMF e lista opções
Kátia Abreu sugere seis fontes para cobrir o buraco de R$ 40 bi com a extinção do tributo, mas governo rechaça sugestões
Senadora diz ser possível cortar gastos e poupar a área social e afirma que fim do tributo faria economia crescer 0,6 ponto percentual
VALDO CRUZ
NEY HAYASHI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório da senadora Kátia
Abreu (DEM-TO) pedindo o
fim da CPMF virou um duelo
entre oposição e governo. De
um lado, a senadora apontou
seis fontes para cobrir o buraco
de R$ 40 bilhões, alegando que
a União tem espaço para cortar
suas despesas. Do outro, o governo classificou as sugestões
da relatora de "pouco razoáveis" e de "péssima idéia fiscal",
chegando a dizer que ela propôs "cortar fumaça".
Na defesa de seu relatório, a
senadora afirmou que o fim da
CPMF vai fazer a economia
crescer mais 0,6 ponto percentual -0,4 diretamente da extinção do tributo e 0,2 com ganhos de eficiência da economia.
Disse ainda que sua proposta
poupou de cortes o Bolsa Família, as verbas de R$ 48 bilhões
para a saúde, além dos gastos
com pessoal. "Vamos reduzir a
carga tributária, fazer a economia crescer mais e ainda manter os gastos sociais."
Apontando dados que indicam uma alta de 9,1% nos gastos públicos, Kátia Abreu listou, por exemplo, que o governo poderia usar R$ 9,8 bilhões
do superávit financeiro do Tesouro para ajudar a compensar
o fim da cobrança da CPMF.
A sugestão foi avaliada pelo
ministro Paulo Bernardo (Planejamento) como uma "péssima idéia fiscal". Segundo ele,
seria o mesmo que emitir título
para pagar despesas do governo. Ele lembrou que os recursos do superávit financeiro são
para abater a dívida do setor
público. Em outras palavras, a
proposta significa gastar o que
foi poupado em anos anteriores
e hoje depositado na conta do
Tesouro no Banco Central.
São R$ 353 bilhões retirados
da economia, especialmente a
partir de 1999, quando foi iniciada a política de direcionar
parcelas da arrecadação tributária para o abatimento da dívida pública. Contar com esses
recursos como fonte permanente de receita, portanto,
equivale a reduzir o esforço fiscal que mantém a dívida estável
como proporção do PIB.
Prevendo críticas, a senadora
sugeriu que para compensar
uma eventual redução do superávit primário o governo busque empréstimos no mercado.
Outra fonte listada pela senadora seria o corte de R$ 6,2 bilhões em despesas de custeio
dos ministérios. Ela diz que o
governo deve adotar uma política de contenção de gastos para evitar que continuem crescendo mais do que a receita.
O Ministério do Planejamento considera a idéia "pouco razoável". Das despesas apontadas pela senadora como passíveis de cortes, apenas R$ 29 bilhões poderiam realmente ser
reduzidas. "Tirar daí R$ 6,2 bilhões talvez não seja razoável",
disse a assessoria da pasta.
Outros R$ 7,5 bilhões viriam,
segundo Abreu, do fato de o governo nunca executar todo seu
orçamento de investimento. "A
cada ano, eles não gastam cerca
de 27% a 28% do investimento
previsto, estou propondo apenas que esse percentual fique
em 25% no próximo ano."
Bernardo discordou. "Cancelar despesas de investimentos
que não foram executadas é o
mesmo que cortar fumaça."
Outro ponto polêmico é o
que o aponta economia de R$
1,4 bilhão com redução da taxa
de juros de 0,5 ponto percentual com o fim da CPMF. Para o
governo, a extinção do tributo
vai gerar desequilíbrio fiscal e
pode elevar os juros. A relatora
diz ter usado previsão do BC.
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