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PLANO PLURIANUAL
Pelo texto, a partir de 2005 superávit diminui; governo é contra
Congresso muda PPA e prevê PIB maior em 2004
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Plano Plurianual 2004-2007
em análise no Congresso irá a voto na próxima semana trazendo
mudanças fundamentais em relação à proposta original elaborada
pelo governo. Deputados e senadores elevaram em meio ponto
percentual ao ano a expectativa de
crescimento do PIB nos próximos
anos e previram um afrouxamento gradual da política de corte de
gastos públicos.
As modificações foram aprovadas em reunião anteontem do Comitê de Finanças da Comissão
Mista do Congresso que analisa a
proposta e vão ser incorporadas
ao relatório do senador Roberto
Saturnino (PT-RJ).
Pelas mudanças, a estimativa de
crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas
produzidas no país) passa a ser de
4% em 2004, contra 3,5% da proposta original do governo. A taxa
se eleva meio ponto percentual a
cada ano, chegando a 5,5% em
2007. A proposta original previa
crescimento de 3,5% em 2004,
chegando a 5% em 2007.
Já a economia de gastos para a
formação do superávit primário
(receitas menos despesas, exceto
o pagamento de juros) passará
dos atuais 4,25% do PIB para
3,75% em 2005, 3,5% em 2006 e
3,25% em 2007. A meta de superávit é a principal regra do acordo
do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O governo já se declarou contra
as mudanças, que engrossam as
divergências orçamentárias entre
o Executivo e a sua base de apoio
no Congresso. Anteontem, o relator do Orçamento 2004, deputado
Jorge Bittar (RJ), anunciou uma
reestimativa das receitas para o
próximo ano acrescentando R$
11,5 bilhões aos cálculos originais
do Palácio do Planalto.
O Ministério da Fazenda vê com
reservas as novas contas, que são
oriundas, principalmente, de previsão de aumento da carga tributária do país, hipótese que vem
sendo negada pelo governo.
Folga
Pelas novas contas feitas pelos
congressistas relativas ao PPA,
haverá uma folga de R$ 42,3 bilhões até 2007 em relação à proposta original. Isso se deve à previsão de um PIB maior e à diminuição do aperto fiscal relativo ao
superávit primário, que tem por
objetivo pagar dívidas e juros.
O PPA é um plano de longo prazo do governo, que orienta a realização dos orçamentos anuais. O
primeiro, de 1996 a 1999, ocorreu
durante o governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002). O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode vetar pontos do texto que
for aprovado no Congresso.
"Com o crescimento da economia, mantemos a tendência decrescente da relação entre a dívida
do governo e o PIB", afirmou o
deputado federal Renato Casagrande (PSB-ES), que faz parte do
Comitê de Finanças. "Os parâmetros adotados (...) devem ser revistos, permitindo a execução de
uma política fiscal mais folgada,
ainda que bastante austera em relação a um cenário ideal livre de
restrições", diz o documento elaborado pelo comitê.
O PFL anunciou que vai votar a
favor da revisão. "Louvamos e votamos favoravelmente. Desta forma, conseguiremos abrir os olhos
insensíveis do governo", afirmou
o deputado Pauderney Avelino
(PFL-AM), vice-presidente da
Comissão de Orçamento.
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