São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Próximo Texto | Índice

Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Engatilhado

A Mesa da Câmara está pronta para bancar a equiparação do salário dos deputados ao dos ministros do STF, um reajuste de 90,7%. Candidato à reeleição, o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), já disse aos colegas que não vai torpedear o aumento para R$ 24.500, desde que o custo anual de R$ 90 milhões seja cortado de outras fontes. "Vamos sofrer desgaste, como sempre, mas será a última vez. No futuro, todo o ônus sobre salários ficará com o Supremo", diz um parlamentar envolvido na negociação.
Os deputados, agora, querem bater o martelo com o Senado. Eles ainda têm na memória o recuo de Renan Calheiros (PMDB-AL), que há dois anos deixou Severino Cavalcanti (PP-PE) falando sozinho.

Ponto cego. O Orçamento deste ano teve reduzida em R$ 40 milhões a verba para o programa do Ministério da Defesa intitulado "Segurança e Controle de Vôo no Espaço Aéreo Brasileiro".

Aperta aí. Artistas e atletas, que já ameaçam até tirar a roupa na acirrada disputa por incentivos, não perdem por esperar. Projeto de lei aprovado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara inclui também ONGs de preservação do meio ambiente na boca rica da renúncia fiscal.

Sangue frio. Quem conhece bem Rossano Maranhão acha que ele optou por "sair na alta" da presidência do BB. Entregou o banco com o melhor resultado em Bolsa entre as estatais neste ano, não se arriscando a responder por desempenho menos vistoso caso o rumo da economia mude no segundo mandato.

Prioridade. Lima Neto, o interino que deverá ser confirmado no lugar de Maranhão, não era o nome dos sonhos de Guido Mantega para o BB. O ministro da Fazenda, porém, resolveu abraçar a opção em vez de batalhar por outra. Concluiu que já terá trabalho suficiente para permanecer em sua própria cadeira.

Sacolinha. Geraldo Alckmin passou uma hora reunido ontem à tarde com o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, no gabinete do senador. Pediu solução para o rombo de cerca de R$ 20 milhões em suas contas de campanha.

Me dê motivo. Ao declarar, no programa "Roda Viva", que poderá vir a apoiar Ciro Gomes (PSB) em 2010, Tasso reavivou movimento para tirá-lo da presidência do PSDB. "Ele colocou a corda no próprio pescoço", diz um integrante da cúpula tucana.

Carimbo. O ministro Tarso Genro orientou mais de um petista a desembarcar da candidatura de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara sob o argumento de que ela seria patrocinada por José Dirceu.

Pensão. Está sendo esvaziado o apartamento funcional de José Janene, que não se reelegeu. O imóvel ganhou notoriedade no escândalo do mensalão como uma espécie de central distribuidora de recursos para a bancada do PP.

Boy. Primeiro mensaleiro a renunciar, em 2005, Valdemar Costa Neto (PR-SP) circulava ontem pela Câmara de calça jeans e camisa de manga curta. Reeleito, ele voltará à Casa em fevereiro.

Torneira fechada. O relatório final de Amir Lando (PMDB-RO) na CPI dos Sanguessugas pedirá o fim dos repasses diretos do governo a ONGs. O texto do senador sobre o tema, com 280 páginas, abrirá exceção a entidades que mantenham "contratos permanentes" e de longa data.

Giratória. Serys Slhessarenko (MT) recebeu convite do PMDB para mudar de partido. A correligionários, a senadora diz já estar com "um pé fora do PT". Não gostou da atitude de colegas de sigla, Lula incluído, durante o processo em que acabou absolvida da acusação de integrar a máfia dos sanguessugas.

Tiroteio

"Lula está equivocado. Quem muda de orientação política com a idade é que sofre de um problema: o da acomodação".
Do senador CRISTOVAM BUARQUE (PDT-DF) sobre declaração do presidente da República segundo a qual pessoas de idade avançada que continuam de esquerda "têm problemas".

Contraponto

Prazo de validade

Em recente reunião do conselho político do PMDB, governistas antigos e recém-convertidos comemoravam o tão esperado entendimento do partido em torno do apoio ao Planalto. Um das poucas vozes dissonantes foi a do senador eleito Jarbas Vasconcelos.
-Essa unidade pró-Lula não vai durar seis meses-, vaticinou o ex-governador de Pernambuco.
Em seguida, os jornalistas abordaram o neolulista Geddel Vieira para ouvi-lo sobre a declaração de Jarbas. Conhecido pela ironia, o deputado baiano abriu um largo sorriso ao saber da previsão do colega:
-Seis meses? Tudo isso? Vocês estão loucos?


Próximo Texto: Ministros do TSE rejeitam contas do comitê de Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.