São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Fogo no circo

Pisando em ovos em conseqüência de sua tripla condição -senador, presidente do partido e aliado de José Serra-, Sérgio Guerra (PE) telefonou ontem para Fernando Henrique Cardoso, em meio à briga de foice no PSDB, para pedir ajuda no esforço de acalmar Arthur Virgílio (AM), que batia o pé contra qualquer desfecho que não deixar o governo Lula sem o dinheiro da CPMF. FHC ligou de volta mais tarde para dizer que tentou -não se sabe exatamente como, dado que foi ele o maior incentivador da escalada beligerante do líder da bancada-, mas não conseguiu.
"O Fernando Henrique vai conseguir transformar os tucanos em "demos" do B", brinca um petista.

Suicida. Depois de assistir à cobertura do "Jornal Nacional", na qual os dois presidenciáveis tucanos defenderam a CPMF, enquanto o líder no Senado dizia que quem manda na bancada é ele, um observador comentou: "O Arthur Virgílio virou uma espécie de Jim Jones do PSDB".

Túnel do tempo. "O atraso na aprovação da proposta de emenda constitucional que prorroga a CPMF abre um buraco inaceitável nas contas públicas." De Virgílio, então deputado e líder do governo FHC no Congresso, em artigo publicado na Folha no dia 20 de abril de 2002.

Cereja. Como agrado de última hora a senadores do PR que ameaçavam votar contra o imposto do cheque, o governo nomeou Mauro Barbosa, apadrinhado do partido, para a diretoria aquaviária do Ministério dos Transportes. O petista Paulo Tarso Carneiro teve de ceder o lugar.

Ficha. Ex-diretor do Dnit, Barbosa foi acusado por um lobista, na Operação Navalha, de participar de reunião em que foi fraudada a licitação de estrada federal no Piauí.

Filho da terra. Uma caravana de prefeitos e vereadores potiguares viajou a Brasília para a posse de Garibaldi Alves na presidência do Senado. O PMDB prepara recepção de herói ao senador amanhã no aeroporto de Natal.

Pechincha. Fernando Freire (PP), cuja campanha ao governo do Rio Grande do Norte é investigada por suspeita de caixa 2, declarou ter arrecadado modestos R$ 181 mil na eleição de 2002, valor incompatível até mesmo com uma campanha para deputado. Concorrendo ao Senado, o aliado Garibaldi declarou receita cinco vezes maior.

Trunfo 1. Laudo do Ministério Público aponta ausência de provas de que os túneis das avenidas Rebouças e Cidade Jardim, feitos na gestão Marta Suplicy em SP, tenham sido superfaturados. O documento diz ainda que não houve custo adicional por causa da aceleração das obras -a ex-prefeita correu para entregá-las antes da disputa de 2004.

Trunfo 2. O grupo de Marta está reunindo denúncias feitas por oponentes na campanha anterior para apresentar o resultado das apurações caso a ex-prefeita decida buscar novo mandato na cidade. Petistas já têm no escaninho estudo encomendado pela gestão Serra/Kassab que aponta legalidade nos contratos do lixo de sua gestão.

Freezer. O sonolento debate entre Ricardo Berzoini e Jilmar Tatto foi uma vitória do atual presidente do PT, que tem feito de tudo para baixar ao máximo a temperatura da sucessão no comando do partido. Tatto, que se desdobra para virar o jogo, tentou até o último instante acordo para transmitir o encontro por internet, mas não teve sucesso.

Baixa. Durval Angelo, candidato à presidência do PT de Minas, desistiu do segundo turno contra Reginaldo Lopes, que por pouco não levou na primeira etapa da disputa. Angelo é do grupo que apóia Tatto ao comando nacional.

Tiroteio

"O Aécio e o Serra foram negligentes no trato com a bancada do PSDB. Se agora estão se sentindo derrotados, o problema é deles."


Do senador tucano PAPALÉO PAES (AP) sobre a decisão de seus colegas, contrária ao desejo dos dois presidenciáveis do partido, de votar contra a prorrogação da CPMF.

Contraponto

Segunda chance

Em campanha para virar ministro de Minas e Energia, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) participou de uma sessão em homenagem a São Luís, capital maranhense. Em seu discurso, ele disse que o Estado, hoje um dos mais pobres do país, tem um passado glorioso:
-No tempo do Brasil colônia, o Maranhão chegou a emprestar dinheiro a São Paulo. E o pior é que São Paulo nunca nos pagou-, protestou o parlamentar.
Em seguida, aproveitou para faturar, de olho em 2010:
-Eu mesmo, quando era governador, tentei cobrar e não consegui. Quem sabe um dia, se eu voltar ao cargo...


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