São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

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Proposta do Planalto chegou tarde, diz presidente do PSDB

Oposição "apostou no quanto pior melhor" e terá de se explicar, diz Tião Viana

Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que governo perdeu votação pelos erros cometidos e sobretudo "pela soberba do presidente"

Lula Marques/Folha Imagem
O senador Pedro Simon (PMDB) pede, sem sucesso, o adiamento da votação da votação da CPMF

ADRIANO CEOLIN
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A derrota do governo na votação da CPMF provocou troca de acusações entre o governo e a oposição. A base aliada ao Palácio do Planalto disse que a discussão foi politizada para prejudicar o governo Lula, enquanto que a oposição responsabilizou o próprio governo pela derrubada da emenda ao demorar para negociar. Foi a maior derrota do governo neste segundo mandato.
"O governo perdeu porque não tem maioria, foi equivocado em todo esse processo e cometeu muitos erros", avaliou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). "Por que não falaram conosco há dois meses, há quinze dias?", emendou.
Vice-presidente do Senado, o senador Tião Viana (PT-AC), que é médico, disse que a oposição "apostou no quanto pior melhor" e terá que responder à sociedade a falta de recursos para a saúde pública. "A CPMF era vital para financiar a saúde. O governo não será capaz de criar novas fontes para financiar o setor", lamentou.
Para o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o governo perdeu a votação "pelos erros cometidos" durante as negociações, sobretudo "pela soberba do presidente Lula", que "ora agiu como pacificador, ora com agressões, como quando acusou a oposição de ser sonegadora por defender o fim do imposto do cheque".
"Essa negociação poderia ter sido feita na Câmara, mas o governo tinha maioria dos votos lá e não se importou em discutir o assunto", criticou o senador pernambucano.

Ajuste
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que o governo agora terá que ajustar seu orçamento, cortando despesas, e encontrar medidas para aumentar receita como forma de evitar prejuízos a programas sociais. "O governo terá que tocar a vida para a frente para que a decisão de hoje não engesse os programas sociais", disse. "A oposição terá que explicar porque tirou dinheiro da saúde."
Para o senador Raimundo Colombo (DEM-SC), a derrota imposta ao governo mostrou o valor da fidelidade partidária. O DEM ameaçou expulsar do partido quem votasse a favor da emenda. "A grande verdade é que o governo achou que iria levar goela abaixo. Do nosso lado funcionou a fidelidade partidária. O governo diz que estão retirando R$ 40 bilhões. Esse dinheiro está nas melhores mãos, nas mãos do cidadão comum", disse.

Cristovam
Ex-filiado ao PT e ex-ministro da Educação de Lula, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu o voto favorável à prorrogação da CPMF, mas não deixou de ironizar o presidente Lula.
"Eu não sou uma metamorfose ambulante. Defendi a CPMF quando ela foi criado. Eu não mudei de lado", disse, referindo-se a comentário de Lula na semana passada. "Foi um duro golpe nas contas públicas", lamentou o senador Jefferson Péres (PDT-AM).
O líder do PR, João Ribeiro (TO), que não conseguiu alterar os votos contrários de César Borges (BA) e Expedito Júnior (RO), disse que o resultado não significa o fim do governo.
"Eu sei que o governo não termina e nem o nosso relacionamento, mas lamento o resultado", disse Ribeiro.


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