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Discussão sobre CPMF racha o ninho tucano
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O debate sobre a prorrogação
da CPMF produziu tremores
em ninho tucano, abalando até
mesmo a relação entre o governador de São Paulo, José Serra,
e o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Segundo tucanos, FHC e Serra tiveram ontem ríspida discussão. No partido, os dois estão em campos opostos. FHC
defende que o PSDB desgaste o
governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Serra, por
sua vez, alega que os governos
estaduais sofrerão perda caso a
CPMF não seja prorrogada.
Ontem, irritado com a atuação de FHC contra a CPMF,
Serra acusou o amigo de jogar
no "quanto pior, melhor".
De tão tenso, Serra interrompeu uma entrevista ontem
quando o assunto foi o comportamento da bancada. Questionado se a decisão não seria um
equívoco, Serra calou-se e encerrou a entrevista.
Num dia marcado por tensas
reuniões da bancada, o líder do
PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), chegou a telefonar para o governador de São
Paulo, ameaçando renunciar à
liderança caso os tucanos viessem a apoiar a prorrogação. Segundo senadores que ouviram
a conversa, Virgílio cobrou respeito à autonomia da bancada e
disse que ficaria desmoralizado
se o partido liberasse o voto.
Na véspera, foi Serra quem
telefonou para Arthur Virgílio,
reclamando da idéia de adiar a
votação para fevereiro, mesmo
depois de o governo ter cedido
às reivindicações do PSDB para
ampliação do orçamento da
saúde. Serra disse que não era
correto apresentar mais uma
exigência num momento em
que o governo concorda com
uma proposta do PSDB.
Reclamação
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também tem
reclamado da atuação do líder.
Na segunda, ele telefonou para
o presidente do PSDB, senador
Sérgio Guerra (PE), pedindo
que assumisse a articulação
porque Arthur Virgílio estava
inflexível. Ontem, o líder também disse a Aécio que deixaria
a liderança em caso de recuo.
Ontem, segundo participantes da reunião, a maioria da
bancada concordou em discutir
a proposta do governo, que se
comprometeria a destinar toda
a receita da CPMF à saúde.
"Mas o líder Arthur Virgílio
disse que era tarde demais para
a negociação", contou a senadora Marisa Serrano (MS).
Além da ameaça de renúncia
de Virgílio, um grupo de senadores disse que não havia como
voltar atrás. O senador Papaléo
Paes (AP) disse que deixaria a
sigla. "Se liberassem a bancada,
quatro ou cinco senadores sairiam do PSDB."
A CPMF provocou fissura
entre governadores do PSDB e
parte expressiva da bancada do
partido. Potenciais candidatos
à Presidência, Aécio e Serra temem desgaste. Além disso, os
governadores de menores Estados dependem de apoio do
Palácio do Planalto.
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