São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

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Discussão sobre CPMF racha o ninho tucano

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O debate sobre a prorrogação da CPMF produziu tremores em ninho tucano, abalando até mesmo a relação entre o governador de São Paulo, José Serra, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo tucanos, FHC e Serra tiveram ontem ríspida discussão. No partido, os dois estão em campos opostos. FHC defende que o PSDB desgaste o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serra, por sua vez, alega que os governos estaduais sofrerão perda caso a CPMF não seja prorrogada.
Ontem, irritado com a atuação de FHC contra a CPMF, Serra acusou o amigo de jogar no "quanto pior, melhor".
De tão tenso, Serra interrompeu uma entrevista ontem quando o assunto foi o comportamento da bancada. Questionado se a decisão não seria um equívoco, Serra calou-se e encerrou a entrevista.
Num dia marcado por tensas reuniões da bancada, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), chegou a telefonar para o governador de São Paulo, ameaçando renunciar à liderança caso os tucanos viessem a apoiar a prorrogação. Segundo senadores que ouviram a conversa, Virgílio cobrou respeito à autonomia da bancada e disse que ficaria desmoralizado se o partido liberasse o voto.
Na véspera, foi Serra quem telefonou para Arthur Virgílio, reclamando da idéia de adiar a votação para fevereiro, mesmo depois de o governo ter cedido às reivindicações do PSDB para ampliação do orçamento da saúde. Serra disse que não era correto apresentar mais uma exigência num momento em que o governo concorda com uma proposta do PSDB.

Reclamação
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também tem reclamado da atuação do líder. Na segunda, ele telefonou para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), pedindo que assumisse a articulação porque Arthur Virgílio estava inflexível. Ontem, o líder também disse a Aécio que deixaria a liderança em caso de recuo.
Ontem, segundo participantes da reunião, a maioria da bancada concordou em discutir a proposta do governo, que se comprometeria a destinar toda a receita da CPMF à saúde.
"Mas o líder Arthur Virgílio disse que era tarde demais para a negociação", contou a senadora Marisa Serrano (MS).
Além da ameaça de renúncia de Virgílio, um grupo de senadores disse que não havia como voltar atrás. O senador Papaléo Paes (AP) disse que deixaria a sigla. "Se liberassem a bancada, quatro ou cinco senadores sairiam do PSDB."
A CPMF provocou fissura entre governadores do PSDB e parte expressiva da bancada do partido. Potenciais candidatos à Presidência, Aécio e Serra temem desgaste. Além disso, os governadores de menores Estados dependem de apoio do Palácio do Planalto.


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