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Greve de fome de bispo não vai parar obras, avisa Lula
Presidente rejeita interromper transposição por causa de protesto de religioso
D. Cappio está em jejum contra mudança nas águas do rio São Francisco; Lula diz à CNBB que ato é problema exclusivo da Igreja Católica
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao receber ontem no Palácio
do Planalto o comando da
CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse aos bispos que não irá interromper as obras de transposição das águas do rio São Francisco e que a greve de fome de d.
Luiz Cappio é um problema exclusivo da Igreja Católica.
Lula afirmou que um eventual recuo do governo neste
momento serviria de exemplo
para que outras pessoas tomassem atitudes extremas à espera
de atendimento. A CNBB admitiu em entrevista estar de
mãos atadas e disse que torce
para que amigos e familiares do
bispo de Barra (BA) o convençam a interromper o protesto.
Na audiência, o recado de Lula à CNBB foi dado ao citar o jejum de seis dias que fez em
1980, quando ficou 31 dias preso pelo regime militar. No episódio, disse Lula segundo relatos de presentes ao encontro, d.
Cláudio Hummes e outros bispos tiveram que convencê-lo a
parar a greve de fome. No encontro de ontem, ainda segundo participantes, Lula disse que
greve de fome é "coisa de desespero", mas deixou claro que
não deve interromper as obras.
Uma liminar da Justiça Federal embargou anteontem a
obra. O governo deve recorrer
até amanhã ao STF.
Ontem, participaram do encontro o presidente da CNBB,
d. Geraldo Lyrio, e o secretário-geral, d. Dimas Lara Barbosa.
Do governo, além de Lula, estavam os ministros Geddel Vieira
Lima e Luiz Dulci. A audiência
foi pedida pela CNBB para que
os bispos pudessem expor a
preocupação com o prolongamento do jejum de d. Luiz Cappio, que hoje completa 16 dias.
"A reunião mostrou mais
uma vez que o governo não está
fechado ao diálogo e à contribuição de quem queira aperfeiçoar esse ou qualquer outro
projeto", disse Geddel.
Os bispos entregaram a Lula
uma carta na qual se colocam "à
disposição para a retomada do
diálogo" entre governo e d. Luiz
e sugerem a criação de um grupo para analisar propostas.
Questionado sobre eventual intervenção da igreja no jejum, d.
Dimas afirmou: "A CNBB não
está autorizada. Os próprios
amigos dele e os familiares é
que devem tomar essa decisão".
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