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GOVERNO PETISTA
Para presidente, é "natural" que ministros dêem declarações divergentes
Lula não vê "desacerto" em ministério
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao deixar o apartamento da família em São Bernardo do Campo, ontem pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou que não vê "desacertos"
nas declarações de seus ministros.
"Não tem desacerto. Cada companheiro está dizendo o que pensa. Quando o governo se reúne,
define qual a sua política. Eu, por
enquanto, acho que as coisas estão indo muito melhores do que
se esperava", afirmou Lula.
A resposta foi dada após o presidente ter sido questionado sobre
as declarações dos ministros Jaques Wagner (Trabalho) e Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia).
O primeiro defendeu o fim da
multa de 40% sobre o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em caso de demissões sem
justa causa. Amaral afirmou que o
país precisa dominar a tecnologia
de fabricação da bomba atômica.
Apesar do apoio aos ministros,
Lula ressaltou que no próximo
mês irá cobrar de cada pasta as
prioridades que irão nortear o governo. "Daqui a 30 dias vamos iniciar aquilo que nós vamos trabalhar em cada área", disse. O prazo
foi estipulado no último dia 3, na
primeira reunião do governo.
Lula se esquivou de perguntas
sobre as negociações do PT com
outros partidos em torno das presidências da Câmara e do Senado.
"O presidente não se mete na disputa do Congresso", afirmou.
Em seguida, ao falar sobre o
PMDB, disse apenas que acredita
em um entendimento com o partido dos senadores José Sarney e
Renan Calheiros. "No momento
certo, nós vamos conversar, vamos acertar o que tiver que ser
acertado", afirmou o presidente.
Acompanhado de sua mulher,
Marisa, Lula deixou o apartamento da família, onde passou o final
de semana, por volta das 9h30.
Sob garoa fina, cerca de 70 pessoas o aguardavam em frente à
portaria do edifício onde mora.
O presidente, em um ritual iniciado durante a campanha e que
já se tornou rotina, distribuiu autógrafos e posou para fotos.
Em meio à confusão que se formou à saída do presidente, um
homem puxou Lula pelo braço e
entregou a ele um bilhete: "Por favor, leve isso para o [Hugo] Chávez [presidente da Venezuela]".
Um outro gritava: "Lula, Lula,
estou aqui com o seu primo Dito".
O presidente foi conferir. Tratava-se de Benedito Ferreira de Melo,
69, de Caetés (PE), que dizia ser
sobrinho da mãe de Lula.
Já na base militar de Congonhas, Lula posou para fotos com o
ferroviário aposentado Jayr Antunes de Lemos, que ontem completava 91 anos. "Foi um presente." O encontro havia sido agendado pelo cerimonial de Lula.
O porta-voz do Planalto, André
Singer, disse que Lula considera
natural que os ministros expressem informações divergentes no
início de governo.
"Sobre possíveis desencontros
de comunicação, o presidente disse que considera natural que no
início de governo os ministros fiquem ansiosos por expressar opiniões com respeito aos problemas
mais urgentes do Brasil. Ele assegurou, no entanto, que, tomadas
as decisões de governo, elas falarão por todos", disse Singer.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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