São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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GOVERNO PETISTA

Para presidente, é "natural" que ministros dêem declarações divergentes

Lula não vê "desacerto" em ministério

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao deixar o apartamento da família em São Bernardo do Campo, ontem pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não vê "desacertos" nas declarações de seus ministros.
"Não tem desacerto. Cada companheiro está dizendo o que pensa. Quando o governo se reúne, define qual a sua política. Eu, por enquanto, acho que as coisas estão indo muito melhores do que se esperava", afirmou Lula.
A resposta foi dada após o presidente ter sido questionado sobre as declarações dos ministros Jaques Wagner (Trabalho) e Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia).
O primeiro defendeu o fim da multa de 40% sobre o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em caso de demissões sem justa causa. Amaral afirmou que o país precisa dominar a tecnologia de fabricação da bomba atômica.
Apesar do apoio aos ministros, Lula ressaltou que no próximo mês irá cobrar de cada pasta as prioridades que irão nortear o governo. "Daqui a 30 dias vamos iniciar aquilo que nós vamos trabalhar em cada área", disse. O prazo foi estipulado no último dia 3, na primeira reunião do governo.
Lula se esquivou de perguntas sobre as negociações do PT com outros partidos em torno das presidências da Câmara e do Senado. "O presidente não se mete na disputa do Congresso", afirmou.
Em seguida, ao falar sobre o PMDB, disse apenas que acredita em um entendimento com o partido dos senadores José Sarney e Renan Calheiros. "No momento certo, nós vamos conversar, vamos acertar o que tiver que ser acertado", afirmou o presidente.
Acompanhado de sua mulher, Marisa, Lula deixou o apartamento da família, onde passou o final de semana, por volta das 9h30. Sob garoa fina, cerca de 70 pessoas o aguardavam em frente à portaria do edifício onde mora.
O presidente, em um ritual iniciado durante a campanha e que já se tornou rotina, distribuiu autógrafos e posou para fotos.
Em meio à confusão que se formou à saída do presidente, um homem puxou Lula pelo braço e entregou a ele um bilhete: "Por favor, leve isso para o [Hugo] Chávez [presidente da Venezuela]".
Um outro gritava: "Lula, Lula, estou aqui com o seu primo Dito". O presidente foi conferir. Tratava-se de Benedito Ferreira de Melo, 69, de Caetés (PE), que dizia ser sobrinho da mãe de Lula.
Já na base militar de Congonhas, Lula posou para fotos com o ferroviário aposentado Jayr Antunes de Lemos, que ontem completava 91 anos. "Foi um presente." O encontro havia sido agendado pelo cerimonial de Lula.
O porta-voz do Planalto, André Singer, disse que Lula considera natural que os ministros expressem informações divergentes no início de governo.
"Sobre possíveis desencontros de comunicação, o presidente disse que considera natural que no início de governo os ministros fiquem ansiosos por expressar opiniões com respeito aos problemas mais urgentes do Brasil. Ele assegurou, no entanto, que, tomadas as decisões de governo, elas falarão por todos", disse Singer.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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