São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 2006

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CPI volta a pressionar por dados sigilosos

CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Com a descoberta de uma nova conta do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos, revelada na semana passada, a CPI dos Correios decidiu voltar a pressionar o Ministério da Justiça para que haja o compartilhamento de informações enviadas por autoridades daquele país.
O relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou ontem que enviará na semana que vem um ofício à pasta comandada pelo ministro Márcio Thomaz Bastos solicitando a inclusão da CPI nas instâncias de investigação brasileiras com direito a obter os dados.
Serraglio diz que, caso a comissão não seja atendida, pedirá a convocação de auxiliares do ministro para dar explicações sobre o caso.
Em novembro, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), se reuniu com Thomaz Bastos para tentar um entendimento sobre o compartilhamento de informações. O Ministério da Justiça chegou a fazer o pedido da comissão a autoridades americanas, mas não obteve resposta.

Vazamento
Antes, a Promotoria Distrital de Nova York já havia ressaltado que o material enviado ao Brasil sobre movimentações financeiras de Duda naquele país não deveria ser repassado ao Congresso devido ao vazamento de informações sigilosas durante a CPI do Banestado.
Atualmente, além do Ministério da Justiça, apenas o Ministério Público e a Polícia Federal têm autorização para acessar os dados.
"Estamos enviando na segunda-feira uma solicitação mais incisiva ao Ministério da Justiça para pedir o compartilhamento de informações sobre a conta de Duda Mendonça nos Estados Unidos", disse Serraglio. "O tratado entre Brasil e Estados Unidos prevê o compartilhamento de informações entre autoridades centrais. O Ministério da Justiça compartilha com a Polícia Federal e o Ministério Público, porque não compartilha com a CPI?", questionou.
Procurada pela Folha, a assessoria do Ministério da Justiça informou que a pasta só se pronunciará sobre o assunto após o recebimento do ofício. Mas ressaltou que as restrições no compartilhamento de dados sobre a conta vêm dos EUA.
Três integrantes da CPI devem embarcar para o país nos próximos dias.

Cooperação
Em depoimento na terça-feira, o presidente do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Antonio Gustavo Rodrigues, disse à CPI que o órgão só foi acionado no dia 6 de janeiro pelo Ministério da Justiça para rastrear a nova conta de Duda nos EUA.
Membros da comissão suspeitam que a pasta já tivesse conhecimento da existência dessa conta desde novembro de 2005. Eles vêem falta de empenho do governo para rastrear a conta de Duda, que foi responsável pelo marketing de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.


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