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CPI volta a pressionar por dados sigilosos
CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Com a descoberta de uma
nova conta do publicitário
Duda Mendonça nos Estados Unidos, revelada na semana passada, a CPI dos
Correios decidiu voltar a
pressionar o Ministério da
Justiça para que haja o compartilhamento de informações enviadas por autoridades daquele país.
O relator da comissão, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), afirmou ontem que enviará na semana
que vem um ofício à pasta
comandada pelo ministro
Márcio Thomaz Bastos solicitando a inclusão da CPI
nas instâncias de investigação brasileiras com direito a
obter os dados.
Serraglio diz que, caso a
comissão não seja atendida,
pedirá a convocação de auxiliares do ministro para dar
explicações sobre o caso.
Em novembro, o presidente da CPI, senador Delcídio
Amaral (PT-MS), se reuniu
com Thomaz Bastos para
tentar um entendimento sobre o compartilhamento de
informações. O Ministério
da Justiça chegou a fazer o
pedido da comissão a autoridades americanas, mas não
obteve resposta.
Vazamento
Antes, a Promotoria Distrital de Nova York já havia
ressaltado que o material enviado ao Brasil sobre movimentações financeiras de
Duda naquele país não deveria ser repassado ao Congresso devido ao vazamento
de informações sigilosas durante a CPI do Banestado.
Atualmente, além do Ministério da Justiça, apenas o
Ministério Público e a Polícia Federal têm autorização
para acessar os dados.
"Estamos enviando na segunda-feira uma solicitação
mais incisiva ao Ministério
da Justiça para pedir o compartilhamento de informações sobre a conta de Duda
Mendonça nos Estados Unidos", disse Serraglio. "O tratado entre Brasil e Estados
Unidos prevê o compartilhamento de informações
entre autoridades centrais. O
Ministério da Justiça compartilha com a Polícia Federal e o Ministério Público,
porque não compartilha
com a CPI?", questionou.
Procurada pela Folha, a
assessoria do Ministério da
Justiça informou que a pasta
só se pronunciará sobre o assunto após o recebimento
do ofício. Mas ressaltou que
as restrições no compartilhamento de dados sobre a
conta vêm dos EUA.
Três integrantes da CPI devem embarcar para o país
nos próximos dias.
Cooperação
Em depoimento na terça-feira, o presidente do Coaf
(Conselho de Controle de
Atividades Financeiras), Antonio Gustavo Rodrigues,
disse à CPI que o órgão só foi
acionado no dia 6 de janeiro
pelo Ministério da Justiça
para rastrear a nova conta de
Duda nos EUA.
Membros da comissão
suspeitam que a pasta já tivesse conhecimento da existência dessa conta desde novembro de 2005. Eles vêem
falta de empenho do governo para rastrear a conta de
Duda, que foi responsável
pelo marketing de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
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