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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CASSAÇÕES
Na tentativa de manter mandatos, petistas escolhem nomes de peso para depor a seu favor
Cassáveis do PT recorrem a testemunho de ministros
SILVIO NAVARRO
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL BRASÍLIA
Na fila dos deputados ameaçados de perder o mandato por envolvimento no escândalo do
"mensalão", petistas que enfrentam processos de cassação no
Conselho de Ética buscaram o
respaldo de ministros do governo
Lula para se defender.
A estratégia de arrolar testemunhas que figuram no primeiro escalão do governo foi utilizada por
João Magno (MG) e José Mentor
(SP), dois dos cinco petistas que
serão julgados pelo conselho.
A escolha de "testemunhas de
peso" foi usada por José Dirceu
(PT-SP), mas isso não evitou sua
cassação. Os arrolados foram o
ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça), o atual presidente da
Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o ex-ministro Eduardo
Campos (Ciência e Tecnologia).
Apontado como beneficiário de
R$ 350 mil do esquema do empresário Marcos Valério, o deputado
João Magno listou para testemunhar em seu favor dois ministros
mineiros, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Hélio Costa
(Comunicações), e o ex-titular da
Secretaria de Direitos Humanos
Nilmário Miranda. Patrus ainda
não mandou seu depoimento.
Em ofício enviado ao conselho,
Hélio Costa respondeu a 12 perguntas feitas pelo relator do processo contra Magno e outros dez
questionamentos do advogado de
defesa. Em todas elas, isenta o deputado de responsabilidade no
repasse de recursos do "valerioduto" e elogia o petista.
Questionado sobre "a imputação que pesa sobre Magno no
conselho", o ministro respondeu:
"O deputado João Magno é um
homem de bem. É exemplar cidadão e pai de família".
"Geralmente, essas testemunhas não trazem informações relevantes sobre o fato em si. Acabam por fornecer apenas um atestado de caráter dos envolvidos. O
ministro Hélio Costa, por exemplo, não respondeu às perguntas
sobre o fato", disse o relator do caso, Jairo Carneiro (PFL-BA).
Nilmário foi à Câmara prestar
depoimento e pedir a aplicação de
uma pena mais branda à cassação
do colega. "Aceitei ser testemunha porque o conheço há mais de
20 anos. Ele fez uma opção de vida
austera e modesta, tenho com ele
relação de admiração", disse.
José Mentor também buscou
nomear figuras de peso em sua
defesa: o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, e o
ministro Márcio Thomaz Bastos.
Em uma das respostas enviadas
por escrito, Thomaz Bastos diz
que, "como cidadão", não conhece "nenhum fato que desabone a
reputação do deputado Mentor".
Também fez citações à "boa reputação" do escritório de advocacia
do petista e à "grande relevância"
da atuação de Mentor como advogado dos movimentos sociais.
O depoimento -por escrito-
de Meirelles é mais contido e diz
apenas "não ter conhecimento"
na maioria das respostas. Mas diz,
por exemplo, ter ouvido "referências positivas sobre o conhecimento jurídico do deputado".
Vadão
Da lista de 11 processos em andamento, a avaliação do conselho
é de que o caso mais embaraçoso
é o de Vadão Gomes (PP-SP). Nos
bastidores, a maioria dos integrantes diz não haver provas contra ele. Por isso seu processo foi
empurrado para o final da fila.
Vadão foi apontado por Valério
como destinatário de R$ 3,7 milhões, mas teria recebido o dinheiro, segundo o empresário,
num hotel, entregue em mãos. A
avaliação é que, com o modelo citado de repasse, não há como enquadrá-lo nos padrões do "valerioduto" identificados pela CPI.
Ontem, o conselho agendou a
leitura do primeiro processo de
cassação do ano: Wanderval Santos (PL-SP), na terça. A tendência
é que seja pela cassação. O segundo da fila deve ser Roberto Brant
(PFL-MG), na quinta.
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