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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS
Suspensão vale até o fim das investigações sobre a ligação do deputado com a empresa Beta, que pagou a ele R$ 79 mil, segundo a CPI dos Correios
PDT pune Herrmann por depósitos suspeitos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A direção nacional do PDT decidiu ontem suspender a participação do deputado federal João
Herrmann (SP) nas atividades
partidárias até o final das investigações sobre os depósitos na conta bancária do parlamentar feitos
pela empresa Beta e detectados
pela CPI dos Correios.
"A denúncia é muito forte, cheques, contas, tudo apurado pela
CPI. Temos que preservar a imagem do partido", disse o presidente do PDT, Carlos Lupi (RJ).
Significa que Herrmann não
poderá participar de reuniões de
bancada e outras decisões partidárias. Se perder a legenda definitivamente, ele não tem mais como
se filiar a outro partido a tempo de
disputar as próximas eleições.
Lupi contou ter tentado falar
por telefone inúmeras vezes com
Herrmann desde a última quarta-feira para obter um esclarecimento, mas não teve sucesso.
Em nota, o ex-dono da Beta Antônio Augusto Morato Leite Filho
negou ter dito, em sessão fechada
na CPI, em setembro, que Herrmann recebia recursos da empresa -o que acabou confirmado
pela quebra do sigilo bancário. O
empresário afirmou ter citado o
deputado como um defensor de
interesses da empresa.
"A respeito da Beta, limitou-se a
informar à CPI que Herrmann esteve empenhado, ao lado da Beta,
de dezenas de outros importantes
políticos e de várias grandes empresas nacionais, nos esforços para viabilizar o projeto de pavimentação da BR-163 (Cuiabá-Santarém)", diz a nota.
O presidente da Câmara, Aldo
Rebelo (PCdoB-SP), marcou para
segunda uma reunião com o corregedor-geral da Casa, deputado
Ciro Nogueira (PP-PI), para avaliar as denúncias.
Vantagens
O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ontem que
os R$ 79 mil recebidos pelo deputado podem ser pagamento em
troca de vantagens na estatal.
"Pode ser uma fonte de alimentação de cooptados, tendo em vista que as linhas aéreas apresentaram superfaturamento e os dados
já enviados pelos bancos não correspondem nem a 60% do total."
O relator pretende ir ao Banco
Central na próxima semana para
reclamar que os bancos Real,
BankBoston e Safra não estariam
colaborando com a CPI.
O sub-relator de contratos, deputado José Eduardo Cardozo
(PT-SP), que investiga o caso, estava no interior de São Paulo ontem, incomunicável. Nota da assessoria diz que ele analisará os
documentos recebidos pela CPI.
Relatório preliminar da CPI
apontou um superfaturamento
de R$ 64 milhões nos contratos da
Skymaster e da Beta, que teriam
um "conluio" nos Correios. As
empresas negam. Herrmann trocou o PPS pelo PDT em 2004. Até
janeiro daquele ano, o Ministério
das Comunicações e os Correios
eram controlados pelo PDT.
(RUBENS VALENTE, FERNANDA KRAKOVICS e ADRIANO CEOLIN)
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