São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS

Suspensão vale até o fim das investigações sobre a ligação do deputado com a empresa Beta, que pagou a ele R$ 79 mil, segundo a CPI dos Correios

PDT pune Herrmann por depósitos suspeitos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A direção nacional do PDT decidiu ontem suspender a participação do deputado federal João Herrmann (SP) nas atividades partidárias até o final das investigações sobre os depósitos na conta bancária do parlamentar feitos pela empresa Beta e detectados pela CPI dos Correios.
"A denúncia é muito forte, cheques, contas, tudo apurado pela CPI. Temos que preservar a imagem do partido", disse o presidente do PDT, Carlos Lupi (RJ).
Significa que Herrmann não poderá participar de reuniões de bancada e outras decisões partidárias. Se perder a legenda definitivamente, ele não tem mais como se filiar a outro partido a tempo de disputar as próximas eleições.
Lupi contou ter tentado falar por telefone inúmeras vezes com Herrmann desde a última quarta-feira para obter um esclarecimento, mas não teve sucesso.
Em nota, o ex-dono da Beta Antônio Augusto Morato Leite Filho negou ter dito, em sessão fechada na CPI, em setembro, que Herrmann recebia recursos da empresa -o que acabou confirmado pela quebra do sigilo bancário. O empresário afirmou ter citado o deputado como um defensor de interesses da empresa.
"A respeito da Beta, limitou-se a informar à CPI que Herrmann esteve empenhado, ao lado da Beta, de dezenas de outros importantes políticos e de várias grandes empresas nacionais, nos esforços para viabilizar o projeto de pavimentação da BR-163 (Cuiabá-Santarém)", diz a nota.
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), marcou para segunda uma reunião com o corregedor-geral da Casa, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), para avaliar as denúncias.

Vantagens
O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ontem que os R$ 79 mil recebidos pelo deputado podem ser pagamento em troca de vantagens na estatal.
"Pode ser uma fonte de alimentação de cooptados, tendo em vista que as linhas aéreas apresentaram superfaturamento e os dados já enviados pelos bancos não correspondem nem a 60% do total."
O relator pretende ir ao Banco Central na próxima semana para reclamar que os bancos Real, BankBoston e Safra não estariam colaborando com a CPI.
O sub-relator de contratos, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que investiga o caso, estava no interior de São Paulo ontem, incomunicável. Nota da assessoria diz que ele analisará os documentos recebidos pela CPI.
Relatório preliminar da CPI apontou um superfaturamento de R$ 64 milhões nos contratos da Skymaster e da Beta, que teriam um "conluio" nos Correios. As empresas negam. Herrmann trocou o PPS pelo PDT em 2004. Até janeiro daquele ano, o Ministério das Comunicações e os Correios eram controlados pelo PDT. (RUBENS VALENTE, FERNANDA KRAKOVICS e ADRIANO CEOLIN)

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