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CONEXÃO TUCANA
SMPB repassou R$ 9 mi, diz Ramon Cardoso
Sócio de Valério depõe à PF e confirma caixa dois em campanha de Azeredo
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O publicitário Ramon Hollerbach Cardoso, sócio do publicitário Marcos Valério de Souza, confirmou ontem, em depoimento à
Polícia Federal, que a SMPB Comunicação transferiu R$ 9 milhões em recursos de caixa dois
para a campanha do senador
Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998.
Segundo o advogado de Cardoso, Marcelo Leonardo, o publicitário disse que o dinheiro foi obtido por meio de empréstimos contraídos pela SMPB e pela DNA
Propaganda no Banco Rural e repassados a pessoas indicadas pelo
ex-tesoureiro da campanha tucana, Cláudio Mourão. O esquema
seria semelhante ao que resultou
na atual crise envolvendo o PT.
De acordo com o advogado,
Cardoso relatou dois empréstimos: um de R$ 2 milhões tomado
pela SMPB e outro de R$ 8,35 milhões obtido pela DNA -empresa em que Valério e Cardoso são
sócios por meio da Graffitti Participações. O segundo empréstimo
teve como garantia um contrato
de publicidade da agência com a
Secretaria de Estado da Casa Civil
e Comunicação Social.
O publicitário afirmou, segundo seu advogado, que Mourão
quitou metade do primeiro empréstimo. O dinheiro do segundo
empréstimo foi repassado à
SMPB, que fez transferências a 79
pessoas indicadas por Mourão.
A versão de Cardoso é a mesma
de Valério: os repasses à campanha de Azeredo em 1998 somaram R$ 10 milhões e eles não receberam o dinheiro de volta.
Do total, R$ 1,8 milhão foram
transferidos pela SMPB para os
indicados por Mourão, R$ 4,5 milhões foram para o publicitário
Duda Mendonça, que trabalhou
na campanha, e o restante ficou
com o ex-tesoureiro.
Depoimentos
Desde a última quarta-feira, oito
pessoas suspeitas de envolvimento na montagem do caixa dois tucano em Minas de 1998 foram ouvidas pelos delegados Praxíteles
Praxedes e Pedro Ribeiro, da PF
em Brasília. O caso é investigado
em inquérito que corre no STF
(Supremo Tribunal Federal).
Os delegados afirmaram, por
meio da assessoria da PF em Minas, que o depoimento de Cardoso foi "esclarecedor" no que se refere ao papel da SMPB na campanha tucana de 1998.
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