São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 2006

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CONEXÃO TUCANA

SMPB repassou R$ 9 mi, diz Ramon Cardoso

Sócio de Valério depõe à PF e confirma caixa dois em campanha de Azeredo

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O publicitário Ramon Hollerbach Cardoso, sócio do publicitário Marcos Valério de Souza, confirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que a SMPB Comunicação transferiu R$ 9 milhões em recursos de caixa dois para a campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998.
Segundo o advogado de Cardoso, Marcelo Leonardo, o publicitário disse que o dinheiro foi obtido por meio de empréstimos contraídos pela SMPB e pela DNA Propaganda no Banco Rural e repassados a pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro da campanha tucana, Cláudio Mourão. O esquema seria semelhante ao que resultou na atual crise envolvendo o PT.
De acordo com o advogado, Cardoso relatou dois empréstimos: um de R$ 2 milhões tomado pela SMPB e outro de R$ 8,35 milhões obtido pela DNA -empresa em que Valério e Cardoso são sócios por meio da Graffitti Participações. O segundo empréstimo teve como garantia um contrato de publicidade da agência com a Secretaria de Estado da Casa Civil e Comunicação Social.
O publicitário afirmou, segundo seu advogado, que Mourão quitou metade do primeiro empréstimo. O dinheiro do segundo empréstimo foi repassado à SMPB, que fez transferências a 79 pessoas indicadas por Mourão.
A versão de Cardoso é a mesma de Valério: os repasses à campanha de Azeredo em 1998 somaram R$ 10 milhões e eles não receberam o dinheiro de volta.
Do total, R$ 1,8 milhão foram transferidos pela SMPB para os indicados por Mourão, R$ 4,5 milhões foram para o publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha, e o restante ficou com o ex-tesoureiro.

Depoimentos
Desde a última quarta-feira, oito pessoas suspeitas de envolvimento na montagem do caixa dois tucano em Minas de 1998 foram ouvidas pelos delegados Praxíteles Praxedes e Pedro Ribeiro, da PF em Brasília. O caso é investigado em inquérito que corre no STF (Supremo Tribunal Federal).
Os delegados afirmaram, por meio da assessoria da PF em Minas, que o depoimento de Cardoso foi "esclarecedor" no que se refere ao papel da SMPB na campanha tucana de 1998.


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