São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Dedo na ferida

O 3º Congresso do PT, em que será lavada a roupa suja dos escândalos que abalaram o partido nos últimos anos, deve assistir a uma divisão em três principais grupos: a atual direção, a ala dos moderados que querem mudar a prática política do partido e a esquerda tradicional. Os "refundadores", capitaneados por Tarso Genro, tentam dividir o Campo Majoritário, atraindo expoentes da ala para vencer o embate.
Integram o grupo nomes como os governadores Marcelo Déda (SE) e Jaques Wagner (BA) e o secretário Paulo Vanucchi (Direitos Humanos). "Temos de compor uma maioria para superar com radicalidade os erros do passado", diz Tarso, para quem o congresso "só tem sentido" se tratar a fundo dessas questões.

Sobrevida. O Campo Majoritário resiste à idéia de encerrar o mandato de Ricardo Berzoini já em setembro deste ano. A corrente vai defender no Congresso do partido que nova eleição para o cargo ocorra só em março de 2008.

Déficit. Até agora, a direção do PT não conseguiu arrecadar nem 10% dos R$ 10,3 milhões da dívida de campanha de Lula, que assumiu após as eleições. A previsão inicial do partido era quitar todos os débitos até dezembro de 2006.

Cofrinho. Já o endividamento da época de Delúbio Soares está equacionado, segundo balanço petista de final de ano. O partido fechou acordos de parcelamento dos débitos com o Banco do Brasil (R$ 8 milhões) e com o Rural (R$ 7 milhões). A sigla tentará fechar em março acerto com o BMG, credor de R$ 4 milhões.

Na área. Afastado da diretoria comercial dos Correios após a crise do mensalão, Carlos Eduardo Fioravante faz lobby para intermediar a renovação do contrato entre a estatal e o Bradesco para o Banco Postal. Fioravante é segundo suplente do ministro Hélio Costa no Senado.

On the road. Ainda vexado pela perda de espaços na Cultura, o PT está convencido de que a "limpa" promovida por Gilberto Gil visa preparar o terreno para que o ministro deixe a pasta em 2008, quando faz 50 anos de carreira. O cargo ficaria com o secretário-executivo, Juca Ferreira.

Às claras. Pelo menos um tucano já declarou voto em Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado. João Tenório (AL), que assumiu a vaga do agora governador Teotônio Vilela Filho, avisou a José Agripino (PFL-RN) que vai apoiar o conterrâneo.

Não custa tentar. Renan tentará, uma vez mais, dissuadir Agripino de disputar com ele a presidência do Senado. Não pedirá diretamente que o rival desista, mas pregará o consenso. Em caso de resposta negativa, vai propor que mantenham a "civilidade".

Mais um. Tão logo ficou em desvantagem na disputa pela presidência da Câmara, o grupo de Aldo Rebelo (PC do B-SP) passou a incentivar o lançamento do candidato "alternativo". A avaliação dos aliados é que a única chance do comunista é se a disputa for para o segundo turno.

Chamariz. Aliados de Arlindo Chinaglia (PT-SP) negociam apoios em troca da volta dos cargos de natureza especial. Seus ocupantes foram demitidos por Aldo, mas as vagas não foram extintas.

Morde e assopra. Chinaglia havia engatilhado encontro com o governador José Serra (PSDB) para o começo da semana, mas a reunião agora é incerta. "Não queremos irritar mais a turma do Alckmin", afirma um petista.

Prioridades. A Associação de Delegados da Polícia Federal não gostou nada do pedido dos governadores do Sudeste para que seja aumentado o efetivo da corporação, hoje de 11 mil homens. A entidade prepara documento dizendo que, primeiro, é preciso recuperar os salários dos policiais.

Tiroteio

O PSDB precisa de mais diálogo com a sociedade, e não de uma adesão fajuta feita a partir de um acordo pouco transparente.


Do deputado federal eleito JOSÉ ANÍBAL (PSDB-SP) sobre a decisão tomada por lideranças tucanas de apoiar o petista Arlindo Chinaglia (SP) na disputa pela presidência da Câmara.

Contraponto

Aurélio

Arlindo Chinaglia (PT-SP) gosta de dizer que cultiva suas raízes -ele é de Serra Azul, na região de Ribeirão Preto. Além do "r" marcado, característico do interior paulista, costuma usar expressões típicas.
Em 2005, no auge da crise do mensalão, o governo amargava uma série de derrotas. No meio de mais uma sessão difícil da Câmara, o deputado, líder do governo, recebeu uma ligação do ministro Luiz Marinho (Trabalho):
-Como estão as coisas aí, Chinaglia?
-Estamos que nem vaca na horta -, disse o deputado.
Com o silêncio do outro lado da linha, ele traduziu:
-Estamos apanhando muito!


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