São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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Lula viaja para Cuba; visita a Fidel Castro é aguardada

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num cenário diferente do que o levou a Cuba em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega hoje a Havana disposto a aproveitar o movimento em favor da abertura econômica da ilha e estimular investimentos brasileiros no país.
O governo quer ocupar espaços em áreas estratégicas da economia cubana, num momento em que o cenário pós-Fidel Castro parece mais próximo. Hoje, Venezuela e China são os maiores fornecedores.
À forte dose de pragmatismo econômico somam-se interesses afetivos, históricos e políticos. Fidel Castro está doente, afastado do poder, e no Planalto fala-se abertamente que Lula quer vê-lo. Amigos, os dois se conheceram em Manágua no primeiro aniversário da revolução sandinista na Nicarágua.
Além disso, Lula quer se aproximar de Raúl, o irmão a quem Fidel transferiu o poder de forma interina. O presidente conhece Raúl, mas os dois se encontraram poucas vezes até hoje. "Será uma oportunidade de os dois conversarem", disse Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula e integrante da comitiva brasileira na viagem.
Na visita, Lula deve anunciar aumento da linha de crédito para que Cuba compre alimentos do Brasil. São negociados investimentos de cerca de US$ 600 milhões na estrutura viária do país, US$ 45 milhões na remodelação da infra-estrutura hoteleira e US$ 90 milhões na indústria farmacêutica.
No campo da energia, área na qual Cuba é bastante deficitária, a expectativa é de que seja assinado um acordo-quadro entre a Petrobras e a cubana Cupet. Há interesse em parceria para a exploração de petróleo em águas profundas no golfo do México. Poderá ser anunciada a construção de uma fábrica de lubrificantes em Cuba.
O governo brasileiro sinaliza que haverá um desfecho para a polêmica em torno da validação de diplomas universitários de médicos -hoje, quem se forma em medicina em Cuba tem dificuldades para reconhecer o diploma no Brasil.
"É um país que está com crescimento grande e está mudando. Aos poucos, mas está", disse o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento).
A economia cubana tem crescido a taxas ao redor de 10% e busca atrair investimentos. De janeiro a novembro de 2007, o Brasil exportou US$ 289,3 milhões para a ilha. Pouco, se comparado com Venezuela e China, e menos até mesmo do que os EUA, que mantém um embargo comercial a Cuba.
Antes de chegar à ilha, Lula passará pela Guatemala. Ele participa da posse do presidente Álvaro Colón.
Acompanham Lula na viagem a Cuba os ministros Miguel Jorge, José Gomes Temporão (Saúde), Fernando Haddad (Educação) e Celso Amorim (Relações Exteriores), além do presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.


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