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Câmara recua sobre benefícios a servidores
Adicional de especialização, que custaria R$ 48 mi, e ampliação do plano de saúde para comissionados da Casa foram suspensas
Após desistir de ampliar os planos, Chinaglia diz que decisão será tomada quando o Sindilegis apresentar uma proposta concreta à Mesa
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião convocada às
pressas pelo presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP), os integrantes da Mesa Diretora da
Câmara decidiram ontem recuar das decisões polêmicas tomadas na semana passada,
anulando o pagamento do adicional de especialização aos
servidores e a ampliação imediata dos planos de saúde para
12 mil funcionários comissionados da Casa.
O adicional de especialização
atingiria 3,5 mil servidores na
ativa com um impacto de cerca
de R$ 48 milhões ao ano. Funcionários com qualificações e
também com cargos de chefia
seriam beneficiados. Segundo
Chinaglia, o recuo aconteceu
porque antes mesmo do pagamento, entidades e funcionários anunciaram que iriam à
Justiça contra a Casa pelo pagamento retroativo a janeiro de
2007 do benefício.
Sobre o recuo da ampliação
dos planos de saúde, o presidente da Câmara argumentou
que uma nova decisão só será
tomada quando o Sindilegis
(sindicato dos servidores), que
passaria a gerir os novos planos, apresentar uma proposta
concreta sobre o assunto.
Na reunião da semana passada, deputados da Mesa vincularam a concessão do adicional
de especialização à extensão
dos planos. A intenção de Chinaglia, que está prestes a deixar
a presidência da Câmara, era
deixar o cargo com uma medida
popular e moralizadora.
Na ocasião, ele tentou acabar
com o ressarcimento médico
que deputados têm direito
atualmente. Sem apoio dos demais deputados, a Mesa então
optou pela mudança nos planos
dos servidores. O que deveria
ser uma atitude para fechar o
mandato "com chave de ouro",
na verdade foi um tiro no pé.
Em recesso parlamentar, a
tentativa gerou críticas. Os servidores que já são beneficiados
pelo plano de saúde reclamaram que a extensão resultaria
em queda de qualidade e aumento dos preços. Alegaram
que houve a tentativa de direcionamento por parte do sindicato para que a Amil fosse escolhida para prestar os serviços.
Ontem, antes de saber do recuo da Câmara, o Sindilegis
aprovou, em assembleia, um
pedido pela saída do presidente
Magno Mello e de toda a diretoria do sindicato "pelas péssimas" negociações feitas com a
Casa. Mello chegou a anunciar
a renúncia, mas voltou atrás.
Atualmente, a Câmara gasta
cerca de R$ 51 milhões com a
saúde de seus funcionários,
sendo R$ 43 milhões destinados ao Pro-Saúde, que é gerido
pela Caixa Econômica Federal
e que atende concursados, familiares e alguns deputados.
Pela proposta aprovada na
semana passada pela Mesa, outros 12 mil funcionários teriam
acesso a um plano, que passaria
a ser gerido por uma empresa
privada a ser escolhida sem licitação pelo Sindilegis. O sindicato alegou que, apesar da ampliação do atendimento, os custos para a Casa seriam os mesmos dos atuais R$ 43 milhões.
Chinaglia disse que pretende
incorporar os 12 mil comissionados, mas antes quer sanar
dúvidas. Ontem, ele enviou um
pedido de explicação à Agência
Nacional de Saúde sobre o funcionamento do modelo de plano adotado pela Casa. "O Pro-Saúde tem um fundo de R$ 21
milhões acumulados em 15
anos. A Caixa não pode administrar R$ 43 milhões apenas
para os efetivos. É fundamental
que os comissionados também
tenham esse direito, e por isso
eu tinha o direito de recuar".
Procurada, a Caixa não se
pronunciou, alegando que não
recebeu questionamento oficial sobre o Pro-Saúde.
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