São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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SEGUNDO MANDATO
Novo presidente da instituição toma posse na terça-feira
Atual diretoria da CEF será mantida, anuncia Carazzai

VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

Em sua primeira entrevista desde que teve o nome confirmado para presidir a CEF (Caixa Econômica Federal), o economista Emílio Carazzai, 50, disse ontem em Recife (PE) que a diretoria da instituição será mantida.
Segundo ele, a manutenção não foi exigência do ministro Pedro Malan (Fazenda) ou do governo federal. "É natural que as pessoas que se desincumbiram bem em suas funções sejam mantidas."
Sua posse deve acontecer na próxima terça, em Brasília. Atualmente ele é diretor de planejamento da BompreçoPar S.A., holding do grupo Bompreço, que controla empresas de comunicação, agropecuária e supermercados.
Carazzai foi indicado pelo vice-presidente Marco Maciel, com o apoio do PFL. A indicação enfrentou resistência de Malan, que não desejava a substituição do atual presidente, Sérgio Cutolo.
"Nunca houve um veto pessoal do ministro Malan. Ele mesmo me assegurou isso", disse Carazzai. "A preocupação dele era no sentido de que a instituição não passasse a ser administrada fora da orientação profissional e técnica que a tem caracterizado", afirmou.
A CEF trabalha com um orçamento maior do que o de alguns ministérios: cerca de R$ 10 bilhões, voltados para as áreas de habitação e saneamento. Para Carazzai, "eventuais dúvidas" que possam existir sobre o rigor profissional com que a Caixa será dirigida serão "rapidamente dissipadas" na medida em que ele se apresente formalmente ao mercado.
Ele não quis comentar as medidas econômicas, tomadas ontem pelo governo, nem a saída de Gustavo Franco do Banco Central.
Carazzai é paranaense, mas vive há 30 anos em Pernambuco, onde ocupou diversos cargos públicos. Entre outros, o de secretário da Agricultura no governo Marco Maciel (79/82), de quem é amigo.
Foi também secretário-executivo do Ministério da Fazenda, na gestão do ministro Paulo Haddad (quando Itamar Franco era presidente). Data dessa época, segundo Carazzai, sua relação com Malan, que também trabalhava para o governo federal. "Ele era o negociador da dívida externa brasileira."
Na iniciativa privada, foi consultor da Booz-Allen & Hamilton e diretor durante dez anos do banco Banorte (hoje extinto). Carazzai tem mestrado na Manchester Business School (Inglaterra), com tese na área de administração bancária e finanças.
Carazzai disse que ainda está "educando-se" sobre a instituição. Adiantou, porém, que duas medidas devem ser adotadas pela CEF este ano. A primeira seria o retorno ao financiamento para construção de imóveis, com crédito aos construtores. A segunda, um novo programa de recuperação de créditos de mutuários inadimplentes.



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