São Paulo, quinta, 14 de janeiro de 1999

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RONDÔNIA
Equipe de Raupp "forja' duas doações

XICO SÁ
da Reportagem Local

A equipe do ex-governador e candidato derrotado à reeleição em Rondônia Valdir Raupp (PMDB) "inventou" pelo menos duas doações à sua campanha para justificar gastos de R$ 1,3 milhão e encobrir recursos que podem ter origem considerada ilegal.
Apresentadas oficialmente ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) como doadoras do dinheiro, as empreiteiras Ensa e Análise negaram ter contribuído com qualquer centavo para a campanha.
O valor considerado irregular representa quase 70% do total de gastos (R$ 1,9 milhão) declarado pela tesouraria da campanha.
A direção da Análise comunicou, em documento encaminhado à Justiça Eleitoral de Rondônia, que não havia feito duas colaborações citadas pelo PMDB - uma de R$ 72 mil e outra de R$ 9.000.
Na semana passada, Nilo Rodrigues Carneiro, gerente da Ensa em Porto Velho, disse à Folha que a empreiteira também não havia feito nenhuma doação.
"Daqui não saiu nada", disse o gerente. A informação foi confirmada pela diretoria da matriz da empreiteira, em Goiânia.
O nome da Ensa aparece na lista dos colaboradores de Raupp como a principal doadora, com duas parcelas. Uma de R$ 814 mil e a outra, de R$ 440 mil.
Nem mesmo as maiores construtoras do país, como a CBPO, do grupo Odebrecht, fizeram doações oficiais superiores às parcelas atribuídas à Ensa. A CBPO bancou, por exemplo, R$ 300 mil da campanha do reeleito Mário Covas (PSDB) em São Paulo.
Julgamento feito pelo TRE de Rondônia constatou que a campanha de Raupp -derrotado por José Bianco, candidato do PFL- realizou tudo aquilo que sempre foi dito, mas nunca foi comprovado, sobre a ficção que domina as declarações de gastos de campanhas eleitorais no Brasil.
"Acreditamos que o candidato tenha subestimado a capacidade técnica desta unidade de controle", diz o relatório do tribunal.
O peemedebista, que gastou R$ 1,9 milhão na campanha, quantia superior à maioria dos candidatos ao governo de São Paulo, teve as contas rejeitadas pelo TRE e agora está na mira de investigações do Ministério Público Federal.
Auditoria feita na movimentação bancária da conta de campanha também constatou o "desaparecimento" de R$ 450 mil, que foram sacados em 23 de outubro, dois dias antes do segundo turno. Não foi esclarecido o gasto de campanha que teria justificado o saque.
² Outro lado
Valdir Raupp informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que já entrou com recurso junto ao TRE para tentar rever o caso. Segundo a assessoria, as irregularidades apontadas pelo tribunal devem-se a erros dos contadores do comitê peemedebista.
"O governador não cometeu nenhuma irregularidade, o que houve foi um erro grosseiro das pessoas encarregadas de fechar as contas", informou a assessoria. Segundo Raupp, a equipe de finanças da campanha vai refazer as contas e a lista de doadores para corrigir os problemas apontados pelo TRE.



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