|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTADOS
Deputados excluem item que permitia a convocação do governador pela Assembléia para prestar esclarecimentos
BA muda 64 artigos de sua Constituição
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
A Assembléia Legislativa da Bahia aprovou a alteração de 64 artigos (cerca de 120 dispositivos) da
Constituição do Estado.
Elaborado pelo Poder Executivo,
o projeto de lei que estabelece as
alterações da Constituição baiana
foi aprovado, sem emendas, por 43
dos 54 deputados presentes em
plenário.
A Assembléia da Bahia conta
com 63 parlamentares. Apenas 19
fazem oposição ao governador César Borges (PFL).
Segundo Raimundo Viana, procurador-geral do Estado, que ajudou a elaborar o projeto, as alterações constitucionais foram motivadas pelas recentes reformas nos
setores administrativo e tributário
da União.
"O objetivo do trabalho é deixar
a Constituição baiana mais enxuta
e afinada com a Constituição Federal, sem, contudo, alterar a sua essência. Todos os Estados terão que
fazer o mesmo", disse.
Segundo Viana, das 64 alterações, 30 referem-se ao aprimoramento da redação de artigos, parágrafos e incisos, 29 foram motivadas pelas reformas administrativa
e previdenciária da União e cinco
propõem a exclusão de artigos que
tratam de temas de natureza não
constitucional.
"Infelizmente, na Bahia, quem
faz as leis é o Poder Executivo",
disse o deputado petista Paulo
Jackson.
"O Legislativo não interessa mais
ao governo, que, com seus 45 fantoches (deputados que apóiam a
situação), já sabe, por antecipação,
o placar final do jogo", disse a deputada Moema Gramacho (PT).
˛
Chocolate
Entre as matérias consideradas
inadequadas para um texto constitucional, o procurador-geral cita o
estímulo ao consumo de chocolate
e o funcionamento do Cepram
(Conselho Estadual de Meio Ambiente).
No artigo 42, das Disposições
Transitórias, por exemplo, a Constituição da Bahia estabelece que o
Estado deve "promover e estimular" a inclusão de chocolate na merenda escolar, nas creches, em todas as repartições públicas e autárquicas e em todos os programas
sociais do Estado.
A Bahia é o maior produtor nacional de cacau, matéria-prima para a elaboração do chocolate.
"São matérias de lei ordinária e
não de natureza constitucional",
afirmou Viana.
Para os deputados de oposição,
um dos pontos mais polêmicos das
alterações aprovadas é a inclusão
de dispositivo que permite a concessionárias de serviços públicos
do Estado a cobrança de taxas por
serviços de saneamento básico.
"Com isso, o governo quer abrir
caminho para a privatização da
Embasa (Empresa Baiana de
Águas e Saneamento)", disse a deputada Moema Gramacho.
Também houve protesto contra
a exclusão do inciso 28 do artigo
71, que permitia aos parlamentares
a convocação do governador para
prestar esclarecimentos na Assembléia Legislativa.
"Já existe uma ação no Supremo
Tribunal Federal (ação direta de
inconstitucionalidade nē 111-6)
que contesta a constitucionalidade
desse tipo de dispositivo", disse o
procurador baiano.
Além disso, os deputados de
oposição também reclamaram do
curto espaço de tempo que tiveram para analisar as propostas.
"Ao contrário do que fez a
União, o governo baiano mandou
todas as propostas de alteração para serem votadas em caráter de urgência em uma só sessão. Isso é um
absurdo", disse Paulo Jackson.
"Os parlamentares poderiam ter
usado seus assessores para analisar as alterações em tempo hábil",
disse Viana. Segundo o procurador, nenhum deputado de oposição o procurou para tirar dúvidas
sobre as sugestões propostas.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|