|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sugestões de entidades podem virar decreto estadual para diminuir conflitos de terras
MST e UDR buscam acordo no Pontal
EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha,
em São José do Rio Preto
O governo do Estado de São
Paulo vai receber sugestões de
fazendeiros, sem-terra e prefeitos da região do Pontal do Paranapanema para elaboração
de um decreto para acelerar o
processo de reforma agrária e
diminuir os conflitos de terras
na região do Pontal do Paranapanema.
Esta é a principal medida tomada pelo secretário de Justiça
de São Paulo, Belisário dos
Santos Júnior, depois de reuniões que manteve ontem com
fazendeiros, MST e prefeitos do
Pontal em Presidente Prudente
(558 km a oeste de São Paulo).
Participaram dos encontros
ainda o superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Jonas Villas Boas, a coordenadora
do Itesp (Instituto de Terra de
São Paulo), Tânia Andrade, o
senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) e as deputadas federais
Zulaiê Cobra (PSDB-SP) e Marta
Suplicy (PT-SP).
O decreto deveria ter sido publicado este mês, conforme promessa feita pelo secretário em
novembro do ano passado. Com
ele, Santos acredita que será
possível assentar 3.000 famílias
em 70 mil hectares de terra.
A linha básica da medida prevê
que, em caso de terra devoluta
(que pertence ao Estado mas está em posse de particular), o fazendeiro cederá uma parte para
projetos de assentamentos em
troca da regularização do restante.
A região do Pontal, com 1 milhão de hectares, tem confirmados pela Justiça 40% de terras
devolutas. Outros 40% não têm
definição de domínio, segundo
o Itesp.
Santos deverá voltar à região
no início de março para colher
subsídios para o decreto.
O prefeito de Presidente Venceslau, José Alberto Mangas
Pereira Catarino, 52, sugeriu
que a essência do decreto seja
transformado em lei.
A reunião com os fazendeiros, pela manhã, foi a mais
concorrida. Participaram cerca
de 70 proprietários rurais.
Para o presidente da UDR
(União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, o secretário não trouxe nada de novo. ``Se o decreto for
só para tomar terras, vai agitar
ainda mais o ambiente'', disse.
O líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), José Rainha Júnior, retirou-se da reunião depois de
constatar que havia representantes do movimento Brasileiros Unidos Querem Terra na sala. Esse movimento é desvinculado do MST e promove invasões de terra na região do Pontal
há mais de um ano.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|