São Paulo, sexta, 14 de fevereiro de 1997.

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MST ganha apoio de `defensores' da Vale

ROSALI FIGUEIREDO
free-lance para a Agência Folha

O Movimento Nacional de Defesa da Vale do Rio Doce vai participar de marcha promovida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em defesa da reforma agrária e contra a privatização da empresa.
A caminhada começa na próxima segunda-feira, em Governador Valadares, norte de Minas Gerais, e vai passar pelas cidades que concentram as principais atividades da Vale no Estado, segundo Carlos Calazans, coordenador do movimento contra a privatização e secretário do PT mineiro.
A participação na marcha foi decidida ontem após reunião entre a coordenação do movimento, o ex-vice-presidente e ex-ministro das Minas e Energia Aureliano Chaves e o brigadeiro Ivan Frota.
O brigadeiro disse que a privatização da Vale ganhou fôlego com a eleição do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) para a presidência do Senado, que seria favorável à venda da empresa.
Além da marcha, a reunião de ontem decidiu convidar os ex-presidentes José Sarney e Itamar Franco para um ato de protesto contra a privatização da Vale em Itabira (MG), no próximo mês.
Marcha
A caminhada dos sem-terra deverá percorrer 50 cidades em Minas. O dirigente petista Calazans estima em 2.000 o número de participantes na marcha, que passará por Belo Horizonte no dia 6 de março, chegando a Brasília em 17 de abril, quando se integrará aos representantes dos sem-terra de outros Estados.
Ao longo da caminhada, o Movimento de Defesa da Vale irá entregar aos prefeitos do interior mineiro cópia de adesão de 65 deputados estaduais a projeto de lei de iniciativa popular que tenta impedir a privatização da empresa.
Segundo o integrante dos ``defensores'' da estatal, 9 dos 19 deputados estaduais do PSDB aderiram ao projeto, além das bancadas do PT, PTB e PFL. A proposta conta com o apoio de 65 dos 77 membros do Legislativo mineira.
Setor elétrico
Os consórcios liderados pelas consultoras Maxima e Ernst & Young ganharam a concorrência feita pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para os serviços de avaliação e modelagem de venda dos sistemas de geração de eletricidade de Manaus (AM) e Boa Vista (RR).
Os dois são sistemas isolados, pertencentes à Eletronorte. Eles estão no programa de privatizações do governo federal. Segundo Sebastião Bergamini, do BNDES, se tudo correr sem problemas, as avaliações e modelagens estarão prontas em agosto.
Isso, teoricamente, permitiria as privatizações ainda neste ano. O sistema de Manaus compreende a hidrelétrica de Balbina, três usinas termelétricas e sistemas de transmissão e distribuição da cidade.
Em Boa Vista (RR), serão privatizadas a rede de distribuição e as duas usinas termelétricas que abastecem a capital de Roraima.


Colaborou a Sucursal do Rio
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