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CASO SANTO ANDRÉ
PF constata movimentação suspeita
Acusado de matar Celso Daniel deve ser indiciado por sonegação
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Sérgio Gomes da
Silva, acusado de ser o mandante
do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), deverá ser indiciado pela Polícia Federal de São Paulo por crime de sonegação fiscal. Segundo investigação, ele teve uma movimentação
financeira três vezes maior do que
declarou à Receita Federal.
Sérgio Gomes da Silva está preso desde de dezembro em uma
cadeia pública em Juquitiba (SP).
Ele é acusado de ter contratado
uma quadrilha para seqüestrar e
matar Daniel. Na versão do Ministério Público, o prefeito foi
morto em janeiro de 2002 porque
tentava acabar com um esquema
de arrecadação de propina na
prefeitura petista de Santo André.
O PT, por sua vez, defende a tese
de crime comum -não havia intenção de matar Daniel.
O inquérito por sonegação foi
aberto a pedido do Ministério Público Federal há quase um ano e é
conduzido pela delegada federal
Maria Cristina Rezende, que analisou a quebra dos sigilos bancário
e fiscal de Gomes da Silva entre
1997 e 2002.
A delegada intimou o empresário a prestar esclarecimentos na
próxima terça-feira, na 7ª Delegacia Fazendária da capital.
Para a Polícia Federal, há divergências entre o que foi declarado
pelo empresário e o que ele movimentou em uma conta bancária
do Banespa, em Santo André. Pela
legislação, a pena mínima para o
crime de sonegação fiscal é de
dois anos de prisão.
Uma das movimentações que
chamou a atenção da polícia é de
dezembro de 1998, quando Gomes da Silva recebeu em sua conta bancária R$ 100 mil que teriam
sido depositados por empresários
de ônibus da cidade, ainda na gestão do prefeito morto.
Na ocasião, o empresário não
trabalhava na prefeitura. Para o
Ministério Público, no entanto,
favorecido pela amizade com o
prefeito morto, Gomes da Silva
participava de um grupo de cobrança de propina na cidade.
Os valores movimentados por
Gomes da Silva são mantidos em
sigilo pela Polícia Federal. A defesa de Gomes da Silva nega o crime
de sonegação fiscal.
Política
No início das investigações sobre o suposto esquema de corrupção em Santo André, há cerca de
dois anos, o atual ministro José
Dirceu (Casa Civil) foi apontado
como o receptor final da propina.
O dinheiro, segundo João Francisco, irmão do prefeito morto, financiou campanhas do partido.
O PT e Dirceu sempre disseram
que a acusação é inverídica.
Em junho de 2002, o procurador-geral da República, Geraldo
Brindeiro, pediu ao STF a abertura de inquérito contra Dirceu, por
ver "indícios" de que ele teria recebido dinheiro do esquema. Em
1º de julho daquele ano, o ministro Nelson Jobim, do STF, rejeitou
a abertura de inquérito alegando
"gritante" insuficiência de motivos. Brindeiro não recorreu.
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