São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT - 26 ANOS

Sem citar "mensalão", presidente defende que faltosos não devem ser "execrados"; "superamos a crise", afirma presidente do PT

"Errar é humano", diz Lula na festa do PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, durante o jantar do 26º aniversário do PT, que o partido "não pode baixar a cabeça" e que pedir desculpas "é uma grandeza, não uma fraqueza". Além disso, afirmou que os que cometeram erros não podem ser "execrados" porque "errar é humano". Em nenhum momento, porém, citou diretamente o escândalo do "mensalão".
Ovacionado ao chegar, Lula foi recebido em clima de campanha. Em seu discurso, disse que não queria que o jantar fosse uma prestação de contas nem lançamento de candidatura.
"Quero que seja um símbolo da determinação de que ninguém pode fazer nosso partido baixar a cabeça", discursou Lula de improviso.
Disse ainda que está há 37 meses no governo e assumiu para resolver problemas de muitos anos atrás, o que causa "inquietações". Ao se referir indiretamente ao escândalo do "mensalão", disse: "As pessoas que erraram, a gente não tem que execrá-las. Errar é humano. Você só tropeça se der um passo". Para ele, tem sempre gente "jogando casca de banana".
Sobre o fato de não se declarar candidato, Lula foi irônico num momento e depois reafirmou que irá "até o limite da lei". "O PT não precisa definir agora se terá candidato", discursou. Depois completou: "O PT está analisando o quadro político", arrancando risos dos presentes.
"Não posso deixar de governar para entrar na campanha. É isso o que os meus adversários querem. Vou governar até o limite da lei. Vou viajar e inaugurar obras", afirmou Lula, que tirou fotos com militantes e chegou a pegar uma criança de 4 meses no colo. O presidente deixou a festa por volta das 23h.
À tarde, Lula anunciou a assessores a decisão de não comparecer à cerimônia de abertura do ano legislativo, que se realizará amanhã no Congresso, às 16h. A ministra Dilma Roussef (Casa Civil) entregará a mensagem presidencial.
Lula cogitou entregar pessoalmente a mensagem na qual o Executivo elenca as suas prioridades legislativas, a exemplo do que fez em 2003, mas, segundo a Folha apurou, disse que não queria dar chance ao azar. Alguns oposicionistas ameaçavam exibir faixas em alusão ao escândalo do "mensalão".

Superação
O tom dos discursos anteriores a Lula foi triunfalista e de superação da crise.
"Este é o mais importante de todos os aniversários do PT. Sofremos o maior cerco político da história recente do partido. Com erros que tem raízes em companheiros do PT, mas que foram instrumentalizados pela oposição", disse o presidente do partido, Ricardo Berzoini, para quem o PT "superou a crise".
Segundo ele, "setores da mídia" também tentaram criar uma imagem do PT em declínio. "Nosso amor pelo PT está maior para enfrentar as crises. Viva o PT."
Já o governador do Piauí, Wellington Dias, disse que o governo é o maior exemplo de mudança "da história deste planeta". Ele também elogiou Lula por ter quitado a dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O sucessor de Delúbio Soares nas finanças da legenda, Paulo Ferreira, afirmou que o PT "é o maior partido de esquerda do mundo".
Além de militantes, ministros petistas e autoridades, estavam no jantar também parlamentares que correm o risco de cassação devido à suspeita de envolvimento no "mensalão".
Entre eles, Professor Luizinho (SP), José Mentor (SP), João Paulo Cunha (SP), ex-presidente da Câmara, e Paulo Rocha (PA).
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao ser chamado para o palanque, aguardou o vice-presidente José Alencar, para subir ao lado dele. Alencar é um dos principais críticos da política de juros altos adotada pelo governo.


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