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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT - 26 ANOS
Sem citar "mensalão", presidente defende que faltosos não devem ser "execrados"; "superamos a crise", afirma presidente do PT
"Errar é humano", diz Lula na festa do PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ontem, durante o
jantar do 26º aniversário do PT,
que o partido "não pode baixar a
cabeça" e que pedir desculpas "é
uma grandeza, não uma fraqueza". Além disso, afirmou que os
que cometeram erros não podem
ser "execrados" porque "errar é
humano". Em nenhum momento, porém, citou diretamente o escândalo do "mensalão".
Ovacionado ao chegar, Lula foi
recebido em clima de campanha.
Em seu discurso, disse que não
queria que o jantar fosse uma
prestação de contas nem lançamento de candidatura.
"Quero que seja um símbolo da
determinação de que ninguém
pode fazer nosso partido baixar a
cabeça", discursou Lula de improviso.
Disse ainda que está há 37 meses no governo e assumiu para resolver problemas de muitos anos
atrás, o que causa "inquietações".
Ao se referir indiretamente ao escândalo do "mensalão", disse:
"As pessoas que erraram, a gente
não tem que execrá-las. Errar é
humano. Você só tropeça se der
um passo". Para ele, tem sempre
gente "jogando casca de banana".
Sobre o fato de não se declarar
candidato, Lula foi irônico num
momento e depois reafirmou que
irá "até o limite da lei". "O PT não
precisa definir agora se terá candidato", discursou. Depois completou: "O PT está analisando o
quadro político", arrancando risos dos presentes.
"Não posso deixar de governar
para entrar na campanha. É isso o
que os meus adversários querem.
Vou governar até o limite da lei.
Vou viajar e inaugurar obras",
afirmou Lula, que tirou fotos com
militantes e chegou a pegar uma
criança de 4 meses no colo. O presidente deixou a festa por volta
das 23h.
À tarde, Lula anunciou a assessores a decisão de não comparecer à cerimônia de abertura do
ano legislativo, que se realizará
amanhã no Congresso, às 16h. A
ministra Dilma Roussef (Casa Civil) entregará a mensagem presidencial.
Lula cogitou entregar pessoalmente a mensagem na qual o Executivo elenca as suas prioridades
legislativas, a exemplo do que fez
em 2003, mas, segundo a Folha
apurou, disse que não queria dar
chance ao azar. Alguns oposicionistas ameaçavam exibir faixas
em alusão ao escândalo do "mensalão".
Superação
O tom dos discursos anteriores
a Lula foi triunfalista e de superação da crise.
"Este é o mais importante de todos os aniversários do PT. Sofremos o maior cerco político da história recente do partido. Com erros que tem raízes em companheiros do PT, mas que foram
instrumentalizados pela oposição", disse o presidente do partido, Ricardo Berzoini, para quem
o PT "superou a crise".
Segundo ele, "setores da mídia"
também tentaram criar uma imagem do PT em declínio. "Nosso
amor pelo PT está maior para enfrentar as crises. Viva o PT."
Já o governador do Piauí, Wellington Dias, disse que o governo
é o maior exemplo de mudança
"da história deste planeta". Ele
também elogiou Lula por ter quitado a dívida com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
O sucessor de Delúbio Soares
nas finanças da legenda, Paulo
Ferreira, afirmou que o PT "é o
maior partido de esquerda do
mundo".
Além de militantes, ministros
petistas e autoridades, estavam no
jantar também parlamentares
que correm o risco de cassação
devido à suspeita de envolvimento no "mensalão".
Entre eles, Professor Luizinho
(SP), José Mentor (SP), João Paulo Cunha (SP), ex-presidente da
Câmara, e Paulo Rocha (PA).
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, ao ser chamado para o
palanque, aguardou o vice-presidente José Alencar, para subir ao
lado dele. Alencar é um dos principais críticos da política de juros
altos adotada pelo governo.
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