São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Sem notícia

Foram "mais de 18 horas" entre o vice-presidente dos EUA atirar num homem e a notícia emergir.
Pior, o presidente George W. Bush foi informado do acidente, mas não, de início, da participação do vice Dick Cheney.
 
Do princípio. A notícia apareceu com o mencionado atraso no site de um jornal da cidade de Corpus Christi, Texas. Ainda assim, só depois que a dona do rancho, onde ocorreu o acidente, ligou para a redação, domingo de manhã.
O tiro e a hospitalização da vítima de 78 anos, em UTI, foram na tarde de sábado.
Até o telefonema da dona do rancho, nada de informação da parte do vice e seus assessores, também nada da parte de Bush e seus assessores.
 
A revolta com a manipulação começou já no domingo à tarde, no site Editor & Publisher, ao abordar o atraso.
Logo entrou o site do "Chicago Tribune" e, ontem, os demais sites de jornais, do "New York Times" ao "Washington Post" e ao "Financial Times".
Antes deles, os blogs, a começar do Huffington Post.
E o melhor eram as desculpas. O porta-voz do presidente disse que deixou para o porta-voz do vice. E o porta-voz do vice disse que deixou para a então célebre dona do rancho.
À noite, uma nota da Casa Branca ainda buscava remendar a história. Sem sucesso.

GA-GA

wsj.com/Reprodução

Da visita dos dois fundadores do Google ao Brasil, o que ecoou de notícia, dos blogs da Califórnia aos jornais britânicos, foi que um restaurante carioca recusou o cartão de crédito de um deles. Agora, na capa da "Time", lá estão eles de novo, em texto que beira a idolatria. É o que se costuma chamar de cobertura "ga-ga", acrítica e abobada, que marca a gigante de busca.
Mas nem todos agem assim. Na capa do tablóide dominical do "Wall Street Journal", de nome "Barron's" (imagem acima), uma análise devastadora das perspectivas para o Google, com a manchete "Gurgle" ou "golfada". O futuro reserva uma queda de mais 50% nas ações, prenunciou o "Barron's" -e ecoaram as agências. Na home page do "Financial Times", ontem, o enunciado já era "Wall Street cai com notícia do Google".
 
Se não bastasse, a Electronic Frontier Foundation denunciou no final da semana, ecoando do blog de Dan Gillmor ao site brasileiro IDG Now, da BBC ao editorial do "San Francisco Chronicle", que o Google Desktop é série ameaça à privacidade dos usuários.
Tem mais. O site News.com, de tecnologia, deu que "executivos de Google, Yahoo e Microsoft" encaram amanhã "um duro questionamento" parlamentar por causa das concessões à censura na China.

Elite nuclear
Deu no "Miami Herald" e outros jornais dos EUA:
- Brasil está pronto para se unir à elite nuclear.
Era uma longa reportagem do correspondente da rede Knight Ridder, sobre o "passo polêmico" que o país dá "em semanas" -acionar a fábrica de enriquecimento de urânio.
No texto, defendem a posição brasileira o presidente da Comissão de Energia Nuclear, Odair Dias Gonçalves, e o físico Rogério Cezar Cerqueira Leite. Contra, o "ex-funcionário de controle de armas dos EUA" Lawrence Scheinman.

Resposta robusta
O texto chega a comparar o Brasil ao Irã.
Mas a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, não parece preocupada. Em entrevista ao "Face the Nation", da CBS, pelo contrário, louvou o Brasil por apoiar os EUA na "robusta resposta internacional" ao Irã -que quer romper com o monitoramento da ONU.

Uma bênção
A Petrobras, diz o "Financial Times", com tradução no UOL e na BBC Brasil, vai investir US$ 5 bilhões no setor de gás da Bolívia, "por meio de joint ventures com a estatal YPFB".
Na prática, as duas refinarias da Petrobras no país passam a ser também da estatal boliviana -o que, no entender do "FT", é "uma bênção" para o presidente Evo Morales, amigo de Lula e que foi eleito com a promessa de nacionalizar o setor.

Protesto
Se conseguiu alívio na Bolívia, o Brasil enfrentou manifestação diante de sua embaixada na Colômbia, ontem.
Segundo despacho da agência EFE, em sites sul-americanos, a representação em Bogotá foi cercada por "meia centena" de parentes de policiais e militares. Cobram que Lula não dê asilo político a Antonio Collazos, membro das Farc detido no país desde agosto.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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