São Paulo, Domingo, 14 de Fevereiro de 1999
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PAINEL

Escândalo anunciado 1

Tensão na recém-demarcada terra indígena Raposa Serra do Sol (RR). Em uma semana, dois índios foram mortos por fazendeiros. E um funcionário do Conselho Indigenista Missionário levou uma facada no peito.

Escândalo anunciado 2

Para piorar a situação, o período de seca em Roraima está começando e já há notícias dando conta de supostos focos de incêndio na mata. Caso o governo não se mexa, em breve poderá estar de novo na imprensa mundial como vilão da Amazônia.

Correndo por fora

Sarney Filho (Meio Ambiente) e a secretária Cláudia Costin (Administração) estudam tornar oficial a posse de terras da União ocupadas por ribeirinhos na Amazônia. Seria um dos maiores projetos de reforma agrária da região. Detalhe: sem a participação do ministro da Política Fundiária, Raul Jungmann.

Tarefa difícil

Foram empossados nesta semana no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 96 analistas de comércio exterior. Mais um esforço para que a balança comercial volte a ter superávit depois de ter passado quatro anos no vermelho.

O sujo e o maltrapilho

Em conversa informal com diplomatas, o ministro Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores) disse que, perto da crise do Paraguai, o Brasil parece uma Suíça.

Politicamente correto

Entidades indígenas montaram um forte lobby para tentar fazer de Jorge Terena o primeiro presidente índio da Funai. A articulação conta com o apoio de ONGs ligadas ao setor.

Boa notícia

Um dos poucos remédios que não teve aumento de preço e portanto está fora da mira do governo é o Viagra, contra impotência. A cartela com quatro comprimidos continua com preço máximo de R$ 56,62.

Decifra-me

A indicação de Armínio Fraga para a presidência do BC está repercutindo também nas livrarias de Brasília. A biografia do investidor George Soros, ex-patrão de Fraga, voltou às prateleiras.

Vontade desprezada

Mais de 10% dos deputados eleitos para esta legislatura vão seguir caminhos diferentes dos imaginados pelos seus eleitores. Dos 513 eleitos, 35 mudaram de partido, e 21 se licenciaram para ocupar cargos no Executivo.

Quer mudar o jogo

FHC tem se queixado a interlocutores de que foi deixado sozinho por seus aliados em Minas na contenda com Itamar. Acha que deputados e empresários ficaram só olhando o governador tentar jogar a opinião pública local contra ele sem fazer nada.

Palco disputado

Um ministro político de FHC diz que a estratégia do governo é deixar Itamar ""quieto". A idéia é tentar não polemizar diretamente com o governador, o que só lhe daria mais holofotes. E abrir canais de diálogo com outros setores da sociedade mineira.

Desautorização prévia

Preocupado com a radicalização de FHC e de Itamar, o PMDB quer que Minas tenha representante na reunião dos governadores com o presidente no dia 26. A idéia era levar Henrique Hargreaves (Casa Civil) ou o vice Newton Cardoso. Itamar já disse: ""Se houver alguém de Minas na reunião, ele não será representante do governo do Minas".

Visão popular

Do taxista mineiro Paulo Sérgio de Paula: ""A crise (do real) já tava para estourar e aproveitaram para achar um culpado (Itamar). O governador já teve lá na Presidência e deve saber alguma coisinha sobre o que está fazendo, se não é muito louco".

Correndo risco

A Casa Militar não gostou, mas acabou aceitando que o Congresso defina como será a fiscalização externa da futura Agência Brasileira de Inteligência. Aposta que a bancada governista garantirá regras favoráveis.

TIROTEIO
De Arnaldo Faria de Sá (PPB-SP), sobre a esperada recusa da Fazenda em liberar para a Câmara nomes de quem comprou grandes volumes de dólar antes da mudança na política cambial:
- É evidente que o governo não está preocupado em manter o sigilo bancário. O negócio deles é não investigar essa grave denúncia de vazamento sobre a desvalorização do real. Até porque o governo sabe muito bem aonde pode chegar.


CONTRAPONTO
Ganhou na loteria

O jeito histriônico de Jânio Quadros rendeu um farto folclore em torno da imagem do presidente. Uma das histórias que se contam sobre ele tem como cenário, no começo dos anos 80, a agência dos Correios do Cambuci, bairro paulistano onde Jânio morou.
A então tesoureira da agência, Salete Soares, foi chamada à porta para atender um senhor muito bem-vestido, que insistia em postar uma carta apesar de o expediente já ter se encerrado.
Salete abriu uma fresta da porta e disse, enérgica:
- Já fechou. Agora, só se for o presidente.
- E ex-presidente, serve? - perguntou o homem.
Salete riu e respondeu:
- Ex-presidente pode.
O homem deu meia-volta e, para a surpresa da funcionária, voltou acompanhado de Jânio, que não perdeu a piada:
- É a senhora que quer me conhecer!
A agência foi reaberta.


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