São Paulo, sexta, 14 de março de 1997.

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Acordo com traficantes revelou a conexão

do enviado especial a Roma

A ligação de PC Farias com a máfia e a venda de narcóticos só veio à tona porque traficantes da Colômbia e autoridades italianas fizeram um acordo.
Os colombianos delataram a data e o local onde seriam entregues, na Itália, pelo cartel de Cali, um carregamento de 5,5 toneladas de cocaína, a maior apreensão feita até hoje na Europa.
Em troca, conseguiram o relaxamento da prisão de um dos caixas do cartel de Medellín, Gustavo Upeghi Delgado, ligado a Pablo Escobar, o chefe do tráfico morto em 1993.
A revelação do acordo foi feita em depoimento dado à Justiça, no ano passado, pelo italiano Paolo Refe, 56, ligado à família mafiosa Fidanziti, da Sicília.
Preso em uma ação batizada de Operação Gelo Verde, Refe cumpre pena de dez anos.
Segundo noticiou em outubro passado a agência italiana de notícias ``Ansa'', Refe contou que traficantes colombianos aceitaram delatar a entrega da droga porque o cartel de Medellín tinha interesse em conseguir a soltura de Delgado, considerado o cérebro das operações financeiras do grupo.
De acordo com Refe, as autoridades italianas teriam cumprido o acordo. No mesmo ano da apreensão, Delgado foi solto e passou a viver na Itália, provavelmente em Florença, sob proteção da polícia.
O caixa de Pablo Escobar também passou a fornecer informações para a polícia e para a Justiça italianas sobre uma rede de importação de cocaína dominada pela N'drangheta, a máfia calabresa.
Delgado delatou nomes da rede encabeçada pela N'drangheta associada às famílias mafiosas Mazzaferro, Morabito, Barbaro, Ierino e Pesce, cujas operações de entrega da droga eram intermediadas por outras duas famílias da máfia -Cuntrera e Caruana.
Ao investigar os nomes fornecidos por Delgado, a polícia italiana deparou com dois argentinos envolvidos no tráfico -Jorge Osvaldo de La Salvia e Luís Felipe Ricca.
O fato foi então comunicado ao Brasil, já que os dois argentinos eram investigados pela Polícia Federal por suspeita de serem testas-de-ferro de PC Farias.
A apuração das remessas de dinheiro da rede levou então ao nome do empresário alagoano. (LF)

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