São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2000


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SÃO PAULO
Provas seriam mostradas em depoimento no Ministério Público
Nicéa diz que fará novas denúncias contra Pitta

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local


Considerada peça-chave na série de investigações movidas pelo Ministério Público para apurar denúncias de irregularidades na administração do prefeito de São Paulo, Celso Pitta, a ex-primeira-dama Nicéa Pitta foi ouvida ontem por seis promotores e dois procuradores.
Com colete à prova de balas e acompanhada por três carros da polícia, Nicéa começou a depor às 14h05 de ontem. O depoimento ainda não havia acabado até a conclusão desta edição.
Na última sexta-feira, Nicéa denunciou esquemas de compra de voto, desvio de dinheiro público e corrupção envolvendo o prefeito e vários políticos.
O depoimento de Nicéa foi acompanhado por três setores do Ministério Público: Cidadania (que investiga improbidade administrativa), Gaeco (que apura a máfia da propina) e o setor que apura crimes praticados por prefeitos. Também participaram do depoimento um representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e um psiquiatra.
Antes de chegar ao Ministério Público, Nicéa afirmou que iria fazer novas denúncias contra a administração Pitta. Ao ser questionada sobre as provas, exibiu uma pasta transparente.
"Esta pasta é transparente, assim como as minhas denúncias. Não tenho nada a esconder. As provas estão aqui em minhas mãos", afirmou Nicéa em frente ao prédio onde mora, nos Jardins.
Entre os documentos da pasta, Nicéa entregou ao Ministério Público uma cópia do boletim de ocorrência de uma suposta tentativa de intimidação cometida contra o filho do casal Pitta, Victor, no final de fevereiro.

Outras denúncias
Duas horas antes de prestar depoimento, Nicéa voltou à televisão para fazer outras denúncias. Novamente ela acusou o secretário do Governo, Carlos Augusto Meinberg, e o presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), de serem os responsáveis pelo recolhimento de propinas dos vereadores.
Nicéa havia dito que os dois pagaram aos vereadores governistas para impedir o avanço da CPI da máfia da propina e para barrar o impeachment de Pitta, movido em função dos precatórios acumulados quando Pitta era secretário de Finanças de Paulo Maluf.
"Este recolhimento de propina era regular entre os vereadores, Meinberg e o presidente da Câmara, sempre existiu", afirmou Nicéa.
A ex-primeira-dama acusou ainda o secretário dos Transportes, Getúlio Hanashiro, de pagar aos vereadores para aprovar o projeto das marginais.
"Tenho mais denúncias a fazer, mas antes vou falar com o procurador", disse a ex-primeira-dama.


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