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SÃO PAULO
Para 82% dos paulistanos, prefeito está envolvido em corrupção; 74% acham que ACM pressionou por empreiteira
Cassação de Pitta é defendida por 73%
da Redação
A maioria dos
moradores de São
Paulo acredita que
no envolvimento
de Celso Pitta
(PTN) em casos de
corrupção, é favorável à abertura
de um processo de impeachment
e, se estivesse na Câmara, votaria
a favor da cassação do mandato
do prefeito, revela pesquisa Datafolha feita ontem.
Se dependesse da opinião dos
paulistanos, Pitta teria pouquíssimas chances de permanecer no
cargo até o final de seu mandato,
que termina neste ano, devido aos
altos percentuais verificados pelo
Datafolha: 82% crêem no envolvimento dele em corrupção, 77%
defendem a investigação das denúncias e 73% votariam pela cassação.
A possibilidade de uma nova investigação contra o prefeito paulistano começou a ser discutida
na última sexta-feira, quando Nicéa, ex-mulher de Pitta, veio à público com denúncias de que ele teria comprado votos dos vereadores para barrar, em 1999, um pedido de impeachment decorrentes
das investigações sobre a máfia da
propina.
Segundo a pesquisa, 91% dos
entrevistados tomaram conhecimento das denúncias, sendo que
30% disseram estar bem informados sobre elas e 51%, mais ou menos informados.
Segundo Nicéa, o secretário de
Governo de Pitta, Augusto Meinberg, e o presidente da Câmara,
Armando Mellão (PMDB), teria
negociado com o prefeito os valores que seriam pagos aos vereadores. O pedido de abertura de processo de impeachment foi derrotado por 30 votos a 19.
O suposto esquema teria servido, também, para barrar a prorrogação das investigações sobre a
máfia da propina -escândalo
que envolvia caixinhas cobradas
por fiscais das administrações regionais da prefeitura.
Segundo o Datafolha, 94% dos
paulistanos afirmam que existe
corrupção no Executivo municipal, sendo que 83% acreditam haver muita corrupção. Em abril de
1999, cerca de um mês antes do
arquivamento do início do processo de impeachment, esses percentuais eram, respectivamente,
95% e 78%.
Para 55%, a melhor atitude de
Pitta, neste momento, seria renunciar ao cargo. Outros 23%
afirmam que ele deveria afastar-se temporariamente, e 20%
acham que Pitta deveria permanecer na prefeitura, onde enfrenta
altos níveis de reprovação.
Popularidade
O prefeito mantém desde o 11º
primeiro mês de mandato um alto nível de reprovação. Agora,
65% consideram seu desempenho ruim ou péssimo, contra apenas 6% de ótimo ou bom -o
mais baixo nível desde a posse.
Nos grupos sociais, a reprovação
permanece estável apenas entre
as pessoas de mais baixa renda
(até dez salários mínimos).
Devido à imagem negativa, apenas uma minoria dos entrevistados demonstrou posição favorável a Pitta: 17% são contra a abertura de um processo de impeachment, e 21% votaria contra a cassação caso estivessem na Câmara.
Segundo o levantamento, os
paulistanos acreditam também
no envolvimento do ex-prefeito
Paulo Maluf (PPB) em casos de
corrupção. São 79% que têm essa
opinião -13% afirmam que Maluf não está envolvido.
No caso do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), 64%
acreditam que ele teria usado seu
poder para pressionar Pitta, como
afirmou Nicéa.
Ela disse que ACM, presidente
do Congresso, teria pressionado
Pitta a pagar parcelas de uma dívida da prefeitura com a empreiteira OAS, ligada a familiares do
senador baiano. ACM negou a
acusação -22% dos paulistanos
acreditam que ele não pressionou
o prefeito.
Motivos
Para 23%, o governador Mário
Covas (PSDB) orientou Nicéa em
suas declarações, enquanto 64%
não crêem na participação do tucano no episódio. O governador
também negou qualquer contato
com a ex-primeira-dama. Quando apresentou suas denúncias, ela
agradeceu ao apoio que teria recebido de Covas na época da CPI
dos Precatórios, quando o ex-marido e o ex-prefeito Paulo Maluf
foram investigados pelo Senado
por emissão irregular de títulos
do município.
Na opinião de 51%, a motivação
de Nicéa em atacar o ex-marido é
pessoal. Outros 20% vêem no gesto uma defesa dos interesses públicos, e 21% acreditam que ela foi
motivada por interesses de grupos contrários a Pitta.
A própria ex-primeira-dama,
que teve seu nome envolvidos no
escândalo de venda de frango para a prefeitura em 1997, é alvo de
desconfiança popular: para 57%
ela está envolvida em corrupção
(35% negam a hipótese).
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