São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2000


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SÃO PAULO
Para 82% dos paulistanos, prefeito está envolvido em corrupção; 74% acham que ACM pressionou por empreiteira
Cassação de Pitta é defendida por 73%

da Redação


A maioria dos moradores de São Paulo acredita que no envolvimento de Celso Pitta (PTN) em casos de corrupção, é favorável à abertura de um processo de impeachment e, se estivesse na Câmara, votaria a favor da cassação do mandato do prefeito, revela pesquisa Datafolha feita ontem.
Se dependesse da opinião dos paulistanos, Pitta teria pouquíssimas chances de permanecer no cargo até o final de seu mandato, que termina neste ano, devido aos altos percentuais verificados pelo Datafolha: 82% crêem no envolvimento dele em corrupção, 77% defendem a investigação das denúncias e 73% votariam pela cassação.
A possibilidade de uma nova investigação contra o prefeito paulistano começou a ser discutida na última sexta-feira, quando Nicéa, ex-mulher de Pitta, veio à público com denúncias de que ele teria comprado votos dos vereadores para barrar, em 1999, um pedido de impeachment decorrentes das investigações sobre a máfia da propina.
Segundo a pesquisa, 91% dos entrevistados tomaram conhecimento das denúncias, sendo que 30% disseram estar bem informados sobre elas e 51%, mais ou menos informados.
Segundo Nicéa, o secretário de Governo de Pitta, Augusto Meinberg, e o presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), teria negociado com o prefeito os valores que seriam pagos aos vereadores. O pedido de abertura de processo de impeachment foi derrotado por 30 votos a 19.
O suposto esquema teria servido, também, para barrar a prorrogação das investigações sobre a máfia da propina -escândalo que envolvia caixinhas cobradas por fiscais das administrações regionais da prefeitura.
Segundo o Datafolha, 94% dos paulistanos afirmam que existe corrupção no Executivo municipal, sendo que 83% acreditam haver muita corrupção. Em abril de 1999, cerca de um mês antes do arquivamento do início do processo de impeachment, esses percentuais eram, respectivamente, 95% e 78%.
Para 55%, a melhor atitude de Pitta, neste momento, seria renunciar ao cargo. Outros 23% afirmam que ele deveria afastar-se temporariamente, e 20% acham que Pitta deveria permanecer na prefeitura, onde enfrenta altos níveis de reprovação.

Popularidade
O prefeito mantém desde o 11º primeiro mês de mandato um alto nível de reprovação. Agora, 65% consideram seu desempenho ruim ou péssimo, contra apenas 6% de ótimo ou bom -o mais baixo nível desde a posse. Nos grupos sociais, a reprovação permanece estável apenas entre as pessoas de mais baixa renda (até dez salários mínimos).
Devido à imagem negativa, apenas uma minoria dos entrevistados demonstrou posição favorável a Pitta: 17% são contra a abertura de um processo de impeachment, e 21% votaria contra a cassação caso estivessem na Câmara.
Segundo o levantamento, os paulistanos acreditam também no envolvimento do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) em casos de corrupção. São 79% que têm essa opinião -13% afirmam que Maluf não está envolvido.
No caso do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), 64% acreditam que ele teria usado seu poder para pressionar Pitta, como afirmou Nicéa.
Ela disse que ACM, presidente do Congresso, teria pressionado Pitta a pagar parcelas de uma dívida da prefeitura com a empreiteira OAS, ligada a familiares do senador baiano. ACM negou a acusação -22% dos paulistanos acreditam que ele não pressionou o prefeito.

Motivos
Para 23%, o governador Mário Covas (PSDB) orientou Nicéa em suas declarações, enquanto 64% não crêem na participação do tucano no episódio. O governador também negou qualquer contato com a ex-primeira-dama. Quando apresentou suas denúncias, ela agradeceu ao apoio que teria recebido de Covas na época da CPI dos Precatórios, quando o ex-marido e o ex-prefeito Paulo Maluf foram investigados pelo Senado por emissão irregular de títulos do município.
Na opinião de 51%, a motivação de Nicéa em atacar o ex-marido é pessoal. Outros 20% vêem no gesto uma defesa dos interesses públicos, e 21% acreditam que ela foi motivada por interesses de grupos contrários a Pitta.
A própria ex-primeira-dama, que teve seu nome envolvidos no escândalo de venda de frango para a prefeitura em 1997, é alvo de desconfiança popular: para 57% ela está envolvida em corrupção (35% negam a hipótese).


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