CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O governo petista do Rio Grande do Sul alterou a legislação para acomodar José Vicente Goulart Brizola, filho do líder pedetista Leonel Brizola, na direção da Lotergs (Loteria do Estado).
Em ato publicado na edição do "Diário Oficial" estadual de 14 de fevereiro, o governo Olívio Dutra eliminou a exigência de formação superior para o cargo. José Vicente não tem diploma universitário.
A exigência de formação superior teve vida curta: havia sido criada por decreto publicado em 17 de janeiro. Na época, não havia um nome definido para ocupar o cargo de diretor da Lotergs.
O texto referente à nomeação de José Vicente, publicado em 7 de março, observa que ele passou a exercer o cargo "a contar de 14/2/ 2001", época da alteração. O salário é de cerca de R$ 2.000.
A Agência Folha tentou falar, durante a tarde de ontem, com José Vicente, em seu escritório e na Secretaria da Fazenda, onde ele esteve. O filho de Brizola não atendeu aos telefonemas e nem ligou de volta.
A assessoria do Palácio Piratini, sede do Executivo estadual, confirmou que a legislação foi modificada para possibilitar o ingresso de José Vicente, que não completou o curso de engenharia.
O secretário substituto da Fazenda, Odir Tonollier, disse que a exigência de curso superior para o cargo era "desnecessária" e que José Vicente vem "demonstrando competência" no desempenho da sua função. O departamento da loteria é ligado à secretaria.
José Vicente rompeu recentemente com o PDT, pelo qual foi deputado federal, em meio a críticas à forma como o partido é conduzido por seu pai. Ele e outros ex-pedetistas devem se filiar ao PT no próximo domingo, em ato que contará com a presença do líder Luiz Inácio Lula da Silva.
Por ocasião da posse de José Vicente como diretor da Lotergs, Leonel Brizola afirmou: "A partir de agora não falem mais que é o filho do Brizola. Daqui por diante, ele é José Vicente, porque por mim ele não estava nesse lugar nem teria feito essa mudança de partido. Agora, ninguém mais invoca a condição de meu filho, porque amanhã, se surgir alguma irregularidade, algum erro, alguma coisa, não é o filho do Brizola, é o filho do Olívio, o filho político do Olívio."
O PDT ajudou a eleger Olívio Dutra, em 1998, apoiando o então candidato petista no segundo turno, contra o então governador Antônio Britto (PMDB). O PDT fez parte do governo, do qual se afastou durante a campanha eleitoral no ano passado.


Texto Anterior: Ex-senador afirma que ajudou a PF
Próximo Texto: Elio Gaspari: A trava fez de uma gripe um derrame
Índice