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Dono diz que empresa não faz grampo
DA SUCURSAL DO RIO
O coronel da reserva do Exército Enio Fontenelle, 64, identificou-se como o dono da Fence
Consultoria Empresarial Limitada e disse que a empresa não faz
grampos telefônicos. Age defensivamente, com o objetivo de proteger de invasões eletrônicas, como o grampo. "Não gosto que a
minha empresa seja confundida
com empresa de grampo. Sou o
oposto, sou o mocinho", afirmou.
Ele disse também que o ex-ministro José Serra sabia do contrato
firmado com a empresa em 1999.
"Claro que ele sabe, você acha que
o ministro não vai saber algo que
ocorre dentro do ministério dele?", questionou, dizendo que a
pessoa que o procurou em 1999
agiu "em nome do ministro".
Uma pessoa de confiança, segundo ele, é indicada pelo gabinete do ministério para receber os
relatórios mensais da Fence. Especialista na técnica e na doutrina
de segurança de comunicações,
área em que atua desde 1958, Fontenelle foi oficial de comunicações
do Exército e está na reserva.
Ele chefiou o setor de Telecomunicações Eletrônicas do SNI
(Serviço Nacional de Informações) de 1980 a 1990, foi professor
de segurança nacional na Academia Nacional da Polícia Federal e
coordenou o esquema de comunicações de segurança na Eco 92.
No SNI, Fontenelle disse que
trabalhava na área técnica, não na
de operações. Era encarregado da
doutrina e da compra de equipamentos, mas não da execução de
trabalhos de espionagem.
"A coisa pior que existe para
mim é que o meu cliente de hoje
me confunda com araponga."
Fontenelle recebeu a Folha ontem no escritório da Fence, na
Barra da Tijuca (zona oeste do
Rio). Segundo disse, a empresa foi
criada em 1993, e ele divide a sociedade com os dois filhos. Afirmou que, no caso da Saúde, sua
atuação foi mais preventiva.
"Essas pessoas que já conhecem
o modus vivendi da sua atividade
contratam o serviço mesmo sem
ter nenhuma desconfiança. Foi o
que aconteceu na Saúde." Disse
que em 1999 foi procurado por alguém do gabinete do ministério
-não disse quem- para que fizesse uma proposta de trabalho.
Não revelou se a pasta já foi alvo
de invasão eletrônica. "É confidencial." Na avaliação dele, tanto
o ministério como Serra são altamente suscetíveis a invasões.
"Se eu tivesse de dizer, de zero a
dez, os alvos potenciais mais importantes do Brasil, diria que ele
está entre dez e dez. Ele [Serra" é
alvo número 1, é candidato à Presidência. Ele, a Roseana, o Lula,
são alvos potenciais enormes."
Para ele, a Saúde contrariou interesses de laboratórios, com o
lançamento dos genéricos, e dos
EUA, com relação à quebra de patentes dos medicamentos contra a
Aids. Entre seus 40 clientes estão
grandes empresas do setor privado e órgãos públicos, afirmou. O
único cliente cujo nome revelou
foi Itaipu Binacional, para quem a
Fence faz segurança eletrônica.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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