RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS

RUBENS VALENTE
DO PAINEL

O empresário Fernando Sarney, irmão da governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA), tem relações próximas com os controladores de três empresas do Maranhão que são fornecedoras do governo do Estado desde a década de 80: a Premolde (artefatos de cimento), a Remoel (setor elétrico) e a Planor (construção civil). Além disso, ele foi sócio da primeira, que fornecia postes à estatal de energia estadual, empresa que comandou entre 1983 e 1990.
A oposição ao clã Sarney no Maranhão diz que os controladores são meros testas-de-ferro de Fernando, usados para evitar problemas legais com o fato de a família dominar politicamente o Estado desde 1966. O empresário confirma as relações com os sócios, mas nega influência nas empresas (leia texto nesta página).
Dos atuais cinco controladores dessas três empresas, dois são ex-sócios de Fernando (sendo que um é primo de sua mulher, Teresa Murad) e dois formaram-se com ele na mesma turma de engenharia civil da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), em 1978.
Fernando Sarney diz ter abandonado sua atuação empresarial que envolvia fornecimento ao Estado em 1983, quando assumiu o cargo de presidente da estatal Cemar (Companhia Energética do Maranhão), de onde saiu em 1990.
Documentos obtidos na Junta Comercial do Maranhão, porém, mostram que o empresário continuou sócio de uma delas, a Premolde, por mais de dois anos.
A Premolde era uma das principais fornecedoras de postes pré-moldados da Cemar, que foi privatizada em 2000. Em um dos documentos obtidos na Junta, por exemplo, Fernando participa, em 30 de abril de 1985, de assembléia geral da Premolde que tinha por objetivo, entre outras coisas, aprovar a demonstração financeira da empresa no ano de 1984.
Sua saída oficial da Premolde é registrada em novembro de 1985. "Neste governo não dá para saber bem o que é público e o que é privado", diz Ricardo Murad, que é cunhado de Roseana, mas está rompido com os Sarney desde o início dos anos 90.
A Premolde Indústria de Artefatos de Cimento S.A. é controlada atualmente por Miguel Nicolau Duailibe Neto, primo dos irmãos de Jorge (marido de Roseana) e Teresa Murad (mulher de Fernando) e ainda fornece postes à Cemar. A empresa teve Fernando como sócio entre 1981 e 1985, ano em que o pai assumiu a Presidência da República.
Na época, Fernando transferiu suas ações para Armando Martins Oliveira, irmão do governador de Mato Grosso, o tucano Dante de Oliveira, aliado da família Sarney.
A Premolde recebeu ainda recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) da ordem de R$ 2,64 milhões (em valores atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor), de 1983 a 1991, para implementação de uma fábrica de artefatos de cimento. Segundo a Agência do Desenvolvimento da Amazônia, sucessora da Sudam, o projeto já foi totalmente implementado e não tem irregularidade aparente.
A Remoel Engenharia, Terraplanagem, Comércio e Indústria Ltda., outra empresa controlada por Miguel Duailibe, também teve como sócio, entre maio de 1985 e abril de 1996, Armando, irmão do governador de Mato Grosso.
A Planor Construções e Comércio Ltda. tem como sócios dois ex-colegas de Fernando na USP, Gianfranco Antonio Vitório Artur Perasso (majoritário) e Flávio Barbosa Lima. A Planor foi responsável pela terraplanagem do projeto Usimar -que consumiu R$ 44 milhões da Sudam, mas não saiu do papel- e recebeu verba do governo Roseana por obras inacabadas realizadas na rodovia que liga os municípios de Arame e Paulo Ramos.


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