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CASO JERSEY
Ex-diretor de empreiteira diz, em declaração registrada em cartório, não poder afirmar que Maluf recebeu "propina"
Testemunha recua e agora inocenta Maluf
DA REPORTAGEM LOCAL
A principal testemunha na investigação das contas de Paulo
Maluf (PPB) na ilha de Jersey (paraíso fiscal no Canal da Mancha),
Simeão Damasceno de Oliveira,
retirou todas as suas acusações
contra o ex-prefeito de São Paulo.
Oliveira, que há menos de um
ano forneceu números de contas e
nomes de doleiros supostamente
ligados ao ex-prefeito, disse que
não teve a "serenidade necessária
para refletir" sobre as denúncias
que fez ao Ministério Público e à
Polícia Federal de São Paulo.
A declaração de Oliveira, feita
no dia 27 de fevereiro e registrada
no 12º Tabelião de Notas de São
Paulo, surpreendeu os promotores e os procuradores responsáveis pelo caso, principalmente pelo contraste das informações.
"Jamais mantive qualquer contato, mesmo que pessoal, com o
sr. Paulo Salim Maluf, ex-prefeito
da cidade de São Paulo. Dessa forma, não posso afirmar que o mesmo Paulo Salim Maluf pediu, solicitou ou recebeu, inclusive por
terceira pessoa, qualquer importância em dinheiro ou bem equivalente a qualquer título que seja,
especialmente no de propina,
principalmente em relação às
obras da avenida Água Espraiada", disse Oliveira em cartório.
Em três longos depoimentos
prestados ao Ministério Público,
entre janeiro e maio de 2002, Oliveira disse o contrário. Ele declarou que teve "apenas três contatos
pessoais" com Maluf. Disse ainda
que "os pagamentos de propina"
ao ex-prefeito eram feitos "em
dólar e, às vezes, em reais".
Oliveira tornou-se uma peça
importante na investigação porque trabalhou 16 anos como diretor da Mendes Júnior S.A., empreiteira responsável pela obra da
avenida Água Espraiada, que é investigada por superfaturamento.
Na época das denúncias feitas
por Oliveira, a empresa informou
que as acusações faziam parte de
uma estratégia de extorsão do ex-funcionário. Acionado pela empresa, Oliveira foi indiciado.
"Esclareço, para que a verdade
prevaleça, que em todos os depoimentos por mim prestados, nas
transcrições foram registradas interpretações e suposições amparadas em indagações sugestivas,
havendo apenas a concordância
com fatos veiculados pela imprensa, que por mim não foram
ratificados", disse Oliveira.
Segundo o Ministério Público,
as novas declarações podem retardar o envio para o Brasil de documentos britânicos sobre Maluf,
mas não podem invalidar as provas já obtidas. Os promotores e os
procuradores irão convocar novamente Oliveira para depor, sob
pena de ele ser processado por
crime de falso testemunho.
(LC)
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