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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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CASO JERSEY

Ex-diretor de empreiteira diz, em declaração registrada em cartório, não poder afirmar que Maluf recebeu "propina"

Testemunha recua e agora inocenta Maluf

DA REPORTAGEM LOCAL

A principal testemunha na investigação das contas de Paulo Maluf (PPB) na ilha de Jersey (paraíso fiscal no Canal da Mancha), Simeão Damasceno de Oliveira, retirou todas as suas acusações contra o ex-prefeito de São Paulo.
Oliveira, que há menos de um ano forneceu números de contas e nomes de doleiros supostamente ligados ao ex-prefeito, disse que não teve a "serenidade necessária para refletir" sobre as denúncias que fez ao Ministério Público e à Polícia Federal de São Paulo.
A declaração de Oliveira, feita no dia 27 de fevereiro e registrada no 12º Tabelião de Notas de São Paulo, surpreendeu os promotores e os procuradores responsáveis pelo caso, principalmente pelo contraste das informações.
"Jamais mantive qualquer contato, mesmo que pessoal, com o sr. Paulo Salim Maluf, ex-prefeito da cidade de São Paulo. Dessa forma, não posso afirmar que o mesmo Paulo Salim Maluf pediu, solicitou ou recebeu, inclusive por terceira pessoa, qualquer importância em dinheiro ou bem equivalente a qualquer título que seja, especialmente no de propina, principalmente em relação às obras da avenida Água Espraiada", disse Oliveira em cartório.
Em três longos depoimentos prestados ao Ministério Público, entre janeiro e maio de 2002, Oliveira disse o contrário. Ele declarou que teve "apenas três contatos pessoais" com Maluf. Disse ainda que "os pagamentos de propina" ao ex-prefeito eram feitos "em dólar e, às vezes, em reais".
Oliveira tornou-se uma peça importante na investigação porque trabalhou 16 anos como diretor da Mendes Júnior S.A., empreiteira responsável pela obra da avenida Água Espraiada, que é investigada por superfaturamento.
Na época das denúncias feitas por Oliveira, a empresa informou que as acusações faziam parte de uma estratégia de extorsão do ex-funcionário. Acionado pela empresa, Oliveira foi indiciado.
"Esclareço, para que a verdade prevaleça, que em todos os depoimentos por mim prestados, nas transcrições foram registradas interpretações e suposições amparadas em indagações sugestivas, havendo apenas a concordância com fatos veiculados pela imprensa, que por mim não foram ratificados", disse Oliveira.
Segundo o Ministério Público, as novas declarações podem retardar o envio para o Brasil de documentos britânicos sobre Maluf, mas não podem invalidar as provas já obtidas. Os promotores e os procuradores irão convocar novamente Oliveira para depor, sob pena de ele ser processado por crime de falso testemunho. (LC)


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