São Paulo, sexta, 14 de março de 1997.

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De Gaulle não fez afirmação sobre o país

JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local

A informação de que De Gaulle afirmara que ``o Brasil não é um país sério'' foi publicada em 1963, pelo ``Jornal do Brasil'', e teve como fonte o então embaixador brasileiro em Paris, Alves de Souza.
Desde então, as partes envolvidas na chamada ``Guerra da Lagosta'' procuram inutilmente negar que a frase tenha sido um dia pronunciada. Ela coube como uma luva nos rompantes nacionais de baixa auto-estima.
A tensão, no início dos anos 60, teve por origem o esgotamento das lagostas que barcos da Bretanha (noroeste da França) pescavam no litoral africano, entre Marrocos e Senegal.
Os lagosteiros procuraram outras águas quentes do Atlântico e elegeram o litoral de Pernambuco, na plataforma submarina que o Brasil considerava como suas águas territoriais.
Livro do então embaixador francês no Rio, Jacques Baeyens, e um bem-humorado artigo do então senador Jarbas Passarinho coincidem ao descrever os lances da ``guerra'' e ao comprovar que De Gaulle, mesmo privadamente, nunca pôs em dúvida a seriedade do Brasil.
Tudo não passou de uma guerra de nervos, iniciada em 29 de dezembro de 1962, quando seis lagosteiros franceses deixaram o porto de Brest, escoltados pela fragata da Marinha ``Tartu''.
Em represália, o Brasil mobilizou embarcações de guerra no litoral pernambucano. A ``Tartu'', em pane no litoral da Costa do Marfim, foi substituída pela ``Paul Goffreny'', que, porém, jamais se aproximou das águas territoriais brasileiras. As relações entre os dois países só se renormalizariam em janeiro de 64.

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