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CÂMARA
Oposição vai recorrer de escolha de presidente de comissão
Governistas quebram acordo e
beneficiam deputado do PDT
DANIELA PINHEIRO
da Sucursal de Brasília
Deputados governistas romperam ontem o acordo que garantia a
presidência da Comissão de Educação da Câmara para a oposição,
o que criou um clima de tensão e
desconfiança entre os partidos
aliados e o bloco dos partidos de
esquerda.
Apesar de pertencer ao PDT, que
forma o bloco da oposição com o
PT e o PC do B, o deputado Severiano Alves (BA) foi beneficiado
por uma manobra do governo.
Como não havia sido indicado
pelo partido para integrar a comissão, devido à sua propensão governista, ele apresentou uma candidatura avulsa e entrou numa vaga cedida pelo PMDB.
Outro fator que o beneficiou foi a
votação secreta, que preservou a
identidade dos dissidentes do
acordo. Alves foi eleito com 16 de
27 votos.
Segundo o acordo de líderes partidários, a presidência da comissão
seria ocupada pelo deputado Wolney Queiroz (PDT-PE).
Traição
``Isso foi traição. Nós estávamos
respeitando todo o acordo. Votamos em Henrique Alves (PMDB)
para a CCJ, alguém que não tem
nada a ver com nossa linha, em nome do acordo'', afirmou o deputado Milton Temer (PT-RJ).
``Não rompi bloco ou acordo.
Fui candidato em nome do meu
partido. Esse menino (Wolney)
nunca apareceu em reuniões dessa
comissão e não tem experiência
para isso. O resultado mostra que
fui preferido'', disse Alves.
O bloco de oposição entrou com
um recurso junto ao presidente da
Casa, Michel Temer (PMDB-SP),
para anular a eleição, sob a justificativa de que houve desrespeito à
legislação interna.
Temer deve tomar uma decisão
sobre o recurso até terça-feira.
O Regimento Interno da Câmara
proíbe um deputado de apresentar
candidatura própria para disputar
com alguém do mesmo partido a
mesma vaga.
Um voto a mais
Outro argumento usado pelo
bloco de esquerda foi o fato de ter
havido 27 votantes e terem aparecido 28 cédulas na urna.
A pauta da Comissão de Educação tem temas polêmicos, como a
Lei do Passe e o PAS (Programa de
Avaliação Seriada), que acaba com
o vestibular.
Para contornar o tumulto na sessão após o anúncio do resultado,
os principais líderes tiveram que
ser chamados. O líder do PFL na
Câmara, Inocêncio Oliveira (PE),
defendeu a anulação: ``Se não
cumprirmos o acordo, tudo será
abalado.''
Foram instaladas ontem 17 comissões permanentes. O ex-presidente da Câmara Luís Eduardo
Magalhães (PFL-BA) ficou com a
presidência da Comissão de Relações Exteriores. A de Fiscalização
Financeira e Controle ficou com
Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Colaborou DENISE MADUENO, da Sucursal de
Brasília
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