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MARKETING POLÍTICO
Autor dos novos comerciais de Roseana critica "festival de explicações" sobre origem do R$ 1,34 milhão
PFL conduziu mal a crise, diz marqueteiro
RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável pelos novos comerciais de Roseana Sarney, o
marqueteiro Haroldo Cardoso
considera que a crise deflagrada
com a apreeensão de dinheiro e
documentos na empresa da pefelista foi "pessimamente administrada" por sua campanha.
Para ele, a sucessão de versões
sobre a origem do R$ 1,34 milhão
foi mais danosa à candidatura do
que o episódio em si.
"Se eu fosse consultor estratégico de Roseana, se estivesse na
equipe naquele momento", diz
em referência à operação conduzida pela Polícia Federal em 1º de
março, "teria manifestado a opinião de que, nesses casos, é preciso dar uma única e boa explicação
e seguir com ela até o fim".
Na avaliação de Cardoso, faltaram "preparo e frieza" para enfrentar circunstâncias adversas.
Baiano como Nizan Guanaes e
Duda Mendonça, o marqueteiro
participou das campanhas presidenciais de Fernando Henrique
Cardoso (1994) e Ciro Gomes
(1998). Trabalha hoje na Bates
Institucional, empresa que atende
políticos e governos e que pertence ao grupo Newcommbates, dirigido no Brasil pelo publicitário
Roberto Justus.
Mas, de acordo com Cardoso,
seu trabalho para Roseana não
tem vínculo com a Bates. Ele o assumiu "quase como um freelancer", a convite do sociólogo Antônio Lavareda, que presta serviços
ao governo FHC e à candidatura
da ex-governadora do Maranhão.
Em seu período de ascensão nas
pesquisas, Roseana teve Guanaes
como marqueteiro, mas ele já havia deixado a campanha quando
estourou o incidente do milhão.
O novo esforço publicitário é
composto por seis peças. As duas
primeiras, de 30 segundos cada,
entraram no ar em horário nobre
na terça-feira passada.
Em uma delas, dedicada à questão do dinheiro, a pefelista compara o valor encontrado em seu
escritório aos gastos declarados
pela equipe de FHC em 1998 (R$
43 milhões). Ela afirma que campanha se faz assim e que tem o direito de continuar na disputa
"porque nada fiz de ilícito".
No outro filme, a imagem de
um bebê sob os cuidados da mãe
ilustra fala de Roseana sobre como seria ainda mais importante
cuidar do país do que da família e
qual seria o candidato com as características necessárias à tarefa.
"Você sabe do que estou falando",
diz ela ao telespectador.
Festival de explicações
Segundo Cardoso, a função do
primeiro comercial é tentar encerrar o capítulo dinheiro com a
apresentação "do argumento que
pareceu mais correto a Roseana".
O objetivo do segundo é retomar o discurso social que temperou os comerciais da safra Guanaes e que havia desaparecido para dar lugar a ataques a adversários e a um "festival de explicações", nas palavras de Cardoso.
Dos quatro filmes ainda por exibir, apenas um menciona o dinheiro, ainda assim de forma lateral e bem-humorada. Trata-se de
um musical. Há um sobre mulheres que se destacaram na política,
um enumerando os desafios do
futuro presidente e um para afirmar que "o país melhorou, mas a
vida das pessoas não".
Não é certo que todos cheguem
ao ar, seja porque foram produzidos em quantidade suficiente para dar margem a seleção, seja porque muitos consideram iminente
a desistência da pré-candidata.
Comparação entre comerciais
novos e antigos revela diferenças
no estilo de comunicação e sobretudo na imagem de Roseana.
Em sua propaganda pré-escândalo, a pefelista pouco falava
-nem uma palavra, por exemplo, no filme sobre a "governadora número 1". Já as inserções da
semana passada foram inteiramente apoiadas em locução dela.
Olhos caídos
Sorriso largo e expressão confiante deram lugar a rosto mais
magro e testa franzida. Cardoso
reconhece que o abatimento de
Roseana é visível nos comerciais.
"É natural que uma pessoa submetida a tal pressão traga algo
disso estampado no rosto."
A câmera, diz, capta o que às vezes não se vê nem no estúdio. Só
com os filmes prontos ele percebeu que os olhos da pefelista parecem ligeiramente caídos.
O marqueteiro também admite
que a má repercussão da lista de
supostos doadores do R$ 1,34 milhão, divulgada no mesmo dia em
que foi para o ar o filme sobre o
dinheiro, não contribuiu para o
propósito de encerrar o assunto.
"Não é bom que a estratégia de
comunicação e a estratégia política tenham divergências", diz.
Ele concorda com o americano
Mark Mckinnon, consultor de
George W. Bush que fez palestra
quarta-feira em São Paulo e disse
que, em casos como esse, a admissão pública do erro, sem meias
palavras, é a providência ideal.
Cardoso acha, no entanto, que
ela deveria ter sido tomada de saída. "Não é o comercial que cumpre esse papel", afirma, "assim como não é ele que vai decidir o destino da candidatura".
O marqueteiro foi contratado
exclusivamente para produzir o
atual lote de comerciais. Não revela quanto ganhou. No momento, negocia com outras candidaturas que planeja assumir, pela
Bates, nesta eleição. Diz que faria
"de bom grado" a eventual campanha de Roseana ao Senado.
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