São Paulo, domingo, 14 de abril de 2002

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BIOGRAFIA

Regime militar incentivou o "rei das mulatas"

DA REPORTAGEM LOCAL

Filho de um poeta que abandonou sua mãe quando ele tinha dois anos, Oswaldo Sargentelli começou a carreira no rádio, em 1948, e depois partiu para a TV, apresentando programas de sucesso, como "Pingo nos iis", "Advogado do Diabo" e "Em Poucas Palavras".
Além do consagrado "Vox Populi", da Cultura, outra atração famosa que comandou foi "O Preto no Branco", de 57 a 64. Polêmico, convidava "comunistas, integralistas e tudo que é gente", em suas palavras. Com perguntas políticas, acabou sendo censurado e proibido de trabalhar na TV e na imprensa no regime militar.
Sem opção para continuar a carreira, teve a idéia que transformaria sua vida: produzir shows de samba com mulatas. Começou no Rio, avançou para São Paulo e depois ganhou muito dinheiro levando suas dançarinas para o exterior.
Já consagrado como produtor de shows, em 1969 abriu uma casa noturna em Copacabana, o Sambão. No ano seguinte, ampliou os negócios com a inauguração do Sucata e, em 73, do Oba-Oba, que ganhou uma filial na avenida Paulista, em São Paulo.
No auge do sucesso, quando chegou a ter 40 mulheres contratadas, foi acusado de racismo e de facilitar a prostituição. Sempre negou tudo e as acusações nunca foram comprovadas. Fazia questão de mostrar um ótimo relacionamento com as dançarinas que contratava. Adorava falar bem das mulatas, "as mulheres que sabem sambar de verdade".
A primeira mulata que contratou, "por apenas 20 contos", foi Clementina de Jesus. A atriz Solange Couto, da novela "O Clone", começou a trabalhar com ele aos 17 anos e foi uma de suas preferidas. "Era uma mulher linda de morrer", dizia.
Sempre gostou de ser rotulado como mulherengo e não ligava para apelidos como o de "rei das mulatas".
Figura importante no Carnaval carioca, Sargentelli não chegou a realizar o sonho de desfilar na Portela, a sua escola.


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