São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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Incra desapropria 22 fazendas na BA

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Cinco dias após 12 mil agricultores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra terem deixado a fazenda de uma multinacional no sul do Estado, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) anunciou ontem que 22 fazendas, situadas em 17 municípios, foram desapropriadas na Bahia.
Segundo o Incra, não existe relação entre as desapropriações de ontem e as invasões ocorridas na semana passada na Bahia. Mas o líder do MST baiano, Valmir Assunção, disse que ficou satisfeito com a ação do Incra. "As desapropriações anunciadas pelo Incra revelam que o governo não está imune às nossas reivindicações."
De acordo com o órgão, 1.383 famílias (cerca de 5.200 pessoas) serão beneficiadas pela medida. Do total, 21 propriedades vão abrigar os sem-terra ligados ao MST. Apenas uma, localizada em Ilhéus (429 km ao sul de Salvador), será destinada ao MLT (Movimento de Luta pela Terra), grupo que teve sua origem dentro do núcleo diretivo do MST baiano.
Na madrugada do último dia 5, o MST invadiu uma propriedade da Veracel Celulose, em Porto Seguro (BA), onde a multinacional de capital brasileiro e norueguês planta eucaliptos. Até a saída da propriedade, no dia 8, os agricultores destruíram cerca de 21 mil pés de eucaliptos, segundo a empresa. A Veracel está investindo US$ 1,25 bilhão na construção de uma fábrica de celulose na Bahia.
A saída ocorreu depois de reunião entre Incra, MST e governo da Bahia. No encontro, ficou definido que o Incra aceleraria a desapropriação de seis fazendas já vistoriadas e criaria um posto avançado no sul da Bahia para vistoriar as fazendas. O escritório começou a funcionar na manhã de ontem, em Itamaraju (BA).


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