São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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AGENDA NEGATIVA

Representantes de policiais nos Estados criticam proposta; ministro ameaça descontar os dias parados

PF rejeita aumento e decide manter greve

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comando de greve da Polícia Federal decidiu ontem, após realizar assembléias em Brasília, recusar a proposta de aumento de 17% para agentes, escrivães e papiloscopistas e continuar com a paralisação iniciada em 9 de março.
O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) afirmou que, se os grevistas não encerrassem hoje o movimento, às 18h, o governo federal retiraria a proposta e as negociações acabariam. O governo também vai começar a descontar os dias parados dos grevistas.
Os manifestantes apenas aguardam a formalização da decisão, que será tomada após as assembléias de todos os Estados. Mas, em consulta feita pelo comando de greve ontem, os representantes de sindicatos reunidos em Brasília afirmaram que eram contra a proposta do governo.
Até o início da noite, o Distrito Federal e sete Estados -Ceará, Piauí, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Rio Grande do Sul- haviam decidido que continuariam a greve. A categoria afirma que deveria receber vencimentos de nível superior, mas ganham salários de nível médio. Isso desrespeita, segundo os grevistas, uma lei de 1996.
O Ministério da Justiça ofereceu reajuste linear de 17%, a liberação de R$ 60 milhões para o custeio de diárias das operações dos policiais, a discussão de um projeto para a reformulação da carreira e a contratação de pessoal. O governo afirma que o pedido dos grevistas é inconstitucional e que o aumento custaria R$ 600 milhões.
Segundo Francisco Garisto, presidente da Fenapef (Federação Nacional de Policiais Federais), o problema está no vencimento básico da categoria. O valor é utilizado para o cálculo do salário.
O vencimento básico é de R$ 367, mas querem chegar a R$ 554, igual ao que ganham delegados e peritos. Sobre esse valor, incidem oito gratificações para a categoria, sendo três delas de 200% cada uma. Na conta final, os delegados ganham R$ 7.800 e os agentes R$ 4.200 (salários iniciais).

Receita
Os auditores da Receita Federal recusaram a nova proposta do governo, que ofereceu aumento de 30% em gratificações para quem está na ativa e de 8% para os aposentados. Eles querem a paridade entre os dois. Por não ter aceitado a proposta, os auditores, a exemplo do que fizeram os policiais federais, ameaçam fazer operação padrão nos aeroportos. São os auditores que fiscalizam as mercadorias que entram no país. Ontem à noite eles iriam decidir quando a operação padrão começaria.


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