São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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ENERGIA POLÍTICA

Inspetores da AIEA e da Abacc iniciaram rodada de inspeção no Brasil

Agência internacional vistoria Angra 2

CHICO SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A ANGRA DOS REIS (RJ)

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e a Abacc (Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle) iniciaram ontem, na usina de Angra 2 (Angra dos Reis, cidade a 150 km do Rio), uma rodada de inspeção em instalações nucleares brasileiras que irá até segunda-feira.
As inspeções ocorrem em meio a acusações publicadas na imprensa internacional de que o Brasil está escondendo da AIEA suas instalações de enriquecimento de urânio.
A Folha acompanhou com exclusividade o trabalho dos quatro inspetores (um austríaco, um iraniano e dois argentinos), que estavam acompanhados de dois funcionários da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear). Foi a primeira vez que jornalistas acompanharam uma inspeção em uma usina brasileira. A verificação faz parte das obrigações do Brasil previstas no acordo de salvaguardas que o país mantém com a AIEA e a Abacc.
Os inspetores estarão hoje nas instalações da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), em Resende (160 km do Rio), onde fica a polêmica fábrica de enriquecimento de urânio, prevista para funcionar a partir de outubro. Como ainda não opera, a fábrica não será inspecionada. Apenas a fábrica de combustível nuclear, instalada no complexo, será examinada.
O objetivo dos técnicos da AIEA e da Abacc era verificar a quantidade de urânio enriquecido usada desde a última inspeção (29 de janeiro deste ano) e da quantidade de plutônio, elemento químico gerado pela queima do urânio que pode ser usado para a produção de energia atômica com fins militares, desde que reprocessado em uma fábrica especial.
Os inspetores recolheram as imagens das três câmeras lacradas que as agências mantêm na usina. Lacraram o bloco de concreto que tampa o reator da usina, o que impede que a Eletronuclear, estatal de energia atômica, faça trabalho não autorizado.
Angra 2 gera a plena carga 1.350 megawatts de energia elétrica.
Na segunda-feira, a inspeção ocorrerá na usina de Angra 1.


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