LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy informou ontem que não abrirá mão de disputar as prévias do PT, marcadas para o dia 7 de maio, em que será definida a candidatura do partido ao governo do Estado de São Paulo.
Em reportagem publicada ontem, a Folha revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou disposição de convencer a ex-prefeita a desistir da disputa interna. Em troca, Lula poderia oferecer três alternativas: um compromisso formal de que ela será a candidata de 2008 para a prefeitura; um cargo chave na coordenação da campanha presidencial em São Paulo; ou um ministério caso seja reeleito.
Tanto Marta quanto o Planalto reagiram negativamente à reportagem. "Quero colocar um ponto final nas especulações a respeito da minha pré-candidatura a governadora de São Paulo pelo PT. Conversei em várias oportunidades com o presidente Lula e não ouvi dele manifestação a favor de qualquer candidatura", afirmou Marta por meio de nota.
A ex-prefeita disse ainda que espera ser escolhida pela militância petista. "Estou e estarei na campanha pela reeleição de Lula, como candidata ou simples militante do PT", disse Marta.
A Folha apurou que a versão original da nota era mais extensa e mais dura. A ex-prefeita dizia que no PT não existe "voto de cabresto" nem "vaquinha de presépio" e que a candidatura dela "não está à venda".
Essa versão que não veio a público, defendida por parte dos apoiadores de Marta, fazia alusão, sem citar nomes, à atitude do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, que declarou anteontem apoio ao líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, também pré-candidato pelo PT ao governo paulista. O tom duro foi substituído por um mais ameno após o governo federal ter informado que se manifestaria de forma contrária à reportagem.
Antes de a nova nota de Marta ser divulgada, o secretário de Imprensa e porta-voz da Presidência da República, André Singer, enviou uma nota à Redação em que afirma que a reportagem "não tem procedência".
"O presidente Lula respeita tanto a pré-candidatura de Marta Suplicy quanto a de Aloizio Mercadante e não interfere no processo de decisão interna do Partido dos Trabalhadores em São Paulo", afirmou Singer.
Apesar disso, Mercadante disse ontem que, de forma discreta, o presidente Lula tem manifestado seu apoio a ele, mas que de maneira nenhuma pediria a desistência de Marta.
"O presidente Lula sempre respeitou as instâncias democráticas do partido. Ele tem afirmado a vários interlocutores a preferência por minha candidatura, o que não significa que o presidente tome qualquer iniciativa para retirar a candidatura de Marta Suplicy", afirmou Mercadante.
Os apoiadores de Marta avaliam que Mercadante opera para tentar convencer os integrantes do partido de que a prévia entre ele e a ex-prefeita seria uma prévia entre Lula e Marta.


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