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Para uma parte do PMDB, Itamar é candidato de Lula
PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO
Antigovernistas do PMDB
avaliam que a pré-candidatura de Itamar Franco à Presidência é uma manobra do
Palácio do Planalto para impedir o lançamento de nome
próprio pelo partido.
Em conversas ontem, a ala
oposicionista fez chegar ao
presidente do PMDB, Michel Temer, uma descrição
de articulações do Palácio do
Planalto que, de tão intrincadas, chegavam a uma "quase
conspiração", como definiu
um dos interlocutores. Em
resumo, Itamar causaria a
derrota da tese da candidatura própria na convenção
do PMDB e sairia como candidato a vice do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
A ala oposicionista do
PMDB aponta como principal indício as promessas que
teriam sido feitas pelo deputado cassado e ex-ministro
José Dirceu (Casa Civil) ao
ex-presidente, em Juiz de
Fora, anteontem.
Os oposicionistas afirmam
que, em reunião de uma hora e meia, Dirceu colocou
Itamar em contato, por telefone, com o presidente Lula,
e com os senadores Renan
Calheiros (AL) , José Sarney
(AP) e Ney Suassuna (PB).
Nas conversas, dizem os
oposicionistas, foi delineada
a estratégia de levar para a
convenção do PMDB três hipóteses para votação: não ter
candidato a presidente e ter
como candidato Garotinho
ou Itamar.
Para o PMDB antigoverno,
a divisão entre defensores da
candidatura própria -parte
apoiando Garotinho, parte,
Itamar- ajudaria os governistas a emplacar a tese de
não ter candidato com pouco mais de um terço dos cerca de 700 votos da convenção, marcada para junho.
A convenção é o órgão máximo do PMDB, a única com
força legal para definir se o
partido terá candidato e
quem o será. Em conversas
reservadas ontem, antigovernistas do PMDB afirmaram que Dirceu sugeriu que,
sepultada a candidatura
própria do partido, Itamar
seria alçado à condição de
vice de Lula.
O ex-deputado petista teria proposto ainda um acordo em SP para que o ex-governador Orestes Quércia
-primeiro a anunciar a intenção de candidatura de
Itamar- dispute o Senado
sem a concorrência do favorito até agora, Eduardo Suplicy (PT-SP). O senador petista seria levado a abrir mão
da reeleição e a postular o
governo do Estado, o que sepultaria as pré-candidaturas
de Marta Suplicy e de Aloizio
Mercadante, registrados nas
prévias internas petistas.
Ouvido ontem pela Folha,
Dirceu negou as articulações
atribuídas a ele. "Não não tenho poder para isso. Sou
apenas um cidadão comum.
Se o presidente ou o PT me
convocam para uma missão,
cumpro. Não foi o caso."
Dirceu negou ainda ter colocado Itamar em contato
com Lula ou com alguém de
Brasília. "Pode quebrar meu
sigilo telefônico", disse.
Sobre a operação Suplicy-Quércia, afirma: "Você acha
que o PT aceitaria isso? O
candidato do partido vai sair
da prévia". Dirceu afirma
que estava em um jatinho a
caminho de Belo Horizonte
para serviço de consultoria
privada e parou em Juiz de
Fora para conversar com
Itamar: "Ele é meu amigo,
mas não dei conselho nenhum. Não me falou de candidatura a presidente".
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