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União cede à pressão e destina R$ 1 bi para compensar municípios
Não foi explicado, no entanto, de onde sairá o valor, que objetiva reparar efeitos da crise na receita das cidades; nos cálculos do governo, o valor será suficiente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula
da Silva cedeu à pressão dos
prefeitos e decidiu ontem separar R$ 1 bilhão do Orçamento
da União para compensar todos os municípios do país pelas
perdas generalizadas de receita
em razão dos efeitos da crise
econômica global.
Não foi explicado de onde
sairá o dinheiro. Só há duas
possibilidades: corte de programas federais ou redução da parcela da arrecadação destinada
ao abatimento da dívida pública, ou, em outras palavras, do
superávit primário.
Segundo o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento), o
governo federal se comprometerá a manter neste ano o mesmo volume de repasses às prefeituras contabilizado no ano
passado por meio do FPM
(Fundo de Participação dos
Municípios), R$ 51,3 bilhões.
O fundo é composto por
23,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Como o nome indica, trata-se de um instrumento de transferência automática
e obrigatória aos municípios de
recursos arrecadados pela
União. Nos últimos anos de
crescimento econômico acelerado, os recursos do FPM foram ampliados graças, especialmente, à escalada de lucros
e salários tributados pelo IR.
O presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski, não
gostou da solução do governo
de repassar este ano o mesmo
valor de FPM de 2008. "O valor
é nominal. O governo precisava
pelo menos acrescentar um índice de correção monetária, como o IPCA."
Reportagem publicada anteontem pela Folha apontou
que prefeitos e governadores
aproveitaram o período de bonança para ampliar gastos com
salários e contratações de servidores, que são de caráter permanente e só podem ser comprimidos em situações excepcionais. Com a queda de receitas, o cumprimento dos orçamentos ficou ameaçado.
Nos cálculos do governo, o
valor anunciado será suficiente
para cobrir a queda esperada
no FPM. Segundo esse raciocínio, a perda se concentrará
neste início de ano; nos próximos meses, afirma-se, a arrecadação deverá se recuperar. O
dinheiro extra será distribuído
pelos mesmos critérios do
FPM, consideram a população
e a renda por habitante, privilegiando as cidades mais pobres.
Bernardo disse que o governo chegou a cogitar o socorro
apenas aos municípios mais
afetados do Norte e do Nordeste, mas optou-se por uma medida de alcance geral.
O valor destinado à operação
parece pequeno diante de um
Orçamento federal na casa dos
R$ 800 bilhões. No entanto, a
União também enfrenta os
efeitos da crise -reduziu a estimativa de receita em R$ 48 bilhões e promoveu um bloqueio
de despesas de R$ 25 bilhões,
que afetou áreas prioritárias
como educação e defesa.
Pelo compromisso assumido, a primeira parcela do socorro, estimada em pouco mais de
R$ 500 milhões, será liberada
cinco dias após a aprovação do
projeto necessário para incluir
a nova despesa na lei orçamentária. O restante será liberado
ao longo do ano. Se as perdas
forem maiores que o esperado,
novo projeto será proposto.
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